sábado, 28 de fevereiro de 2009

A PAZ POSSÍVEL NO RIO GRANDE


Li o Alabarse no meio da semana na Zero Hora. Texto brilhante. Só lamentei que estivesse num tempo errado. Pensei: "O Alabarse devia ter escrito este texto no período do governo Olívio, quando a direita, com total cobertura e incentivo da RBS, promovia uma guerra injusta contra o governo Olívio. Essa guerra do PSOL contra o governo Yeda pode até estar meio errada, mas tem sua razão de existir por causa da gravidade dos fatos..." No momento seguinte, pensei: "Ok. Não se pode exigir tanto de um diretor teatral que se declara a-partidário..."
Mas foi só hoje, sábado, que entendi todo o roteiro. Zero Hora abriu duas páginas nobres no jornal para repercutir a manifestação "poliana" do diretor teatral. Leia-se: para garantir Yeda de pé, Zero Hora constrói a tese de que as denúncias de corrupção contra o governo Yeda são fruto da beligerância da política gaúcha. Não se trata de fatos (afinal, o PSOL não mostrou as provas), mas de posicionamentos radicalizados. A paz no Rio Grande precisa ser realizada e a realidade é a realidade do governo Yeda... Não precisaríamos de mudança, nem de ética, mas de PAZ.
O chamamento à distensão política do diretor teatral, para isso, cai como uma luva. Não estou aqui para apoiar o PSOL. Acho que a política do PSOL é esquerdista, para usar um termo meio fora de moda. Mas fiquei de cara com o Alabarse estar se prestando a esse papel de inocente útil da RBS e da Yeda, logo ele, um diretor de teatro super-competente....
Sou a favor da paz, sim, mas quais seriam os termos do armistício? A paz da RBS é a paz da imposição das privatizações do governo Britto (com pedágios e Detrans como sub-produtos)e do déficit zero do governo Yeda (com o desmonte da segurança, da educação e da saúde, com a ofensa aos direitos do funcionalismo e supostos suicídios de assessores, para dizer o mínimo).
A Zero Hora de sábado, ao invés de buscar a agenda de um possível armistício, na verdade reitera uma política editorial antiga: guerra total contra todos que pretendam buscar uma saída para a crise do Rio Grande que não aquela que o grupo deseja e persegue.
Para uma empresa que trabalha com a informação é impressionante que a RBS ainda não tenha se dado conta de que o mundo mudou e o seu projeto não tem mais lugar nem sentido.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Leia-me na Carta Capital


Estou iniciando um trabalho de colaboração com a revista Carta Capital. A primeira manifestação concreta do que pode se tornar uma relação duradoura é um artigo sobre a guerra publicitária desencadeada pelo CPERS e outras entidades sindicais contra a governadora Yeda Crusius. Vai lá, direto no artigo.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Os limites da propaganda negativa


Nunca gostei da propaganda negativa. Falar mal dos outros sempre me pareceu uma atividade própria das lavadeiras à beira de um rio ou de amigos na mesa de bar. Depois de gastar todo o seu latim, lavadeiras e amigos passam a "falar do alheio" por absoluta falta de assunto. A propaganda negativa, por este prisma, sempre me pareceu um subproduto da atividade social. Necessária, mas circunscrita a situações muito específicas.
A propaganda negativa sempre é muito útil nas situações de guerra, quando tudo é válido. Em campanhas eleitorais muito intensas, isso também acontece. Mas é raro. No terreno da propaganda política, é difícil ter uma situação neste limite. Quando feita de forma açodada, a propaganda negativa quase sempre é gol contra. O adversário, seja por inteligência dele próprio, seja pela inteligência do público alvo em disputa, acaba se fortalecendo.
O PT nos seus primórdios teve uma vertente de seu marketing que dialogava com a propaganda negativa. O PT fazia todo tipo de propaganda, inclusive negativa. Em seus primeiros 20 anos, o PT falava mal dos adversários. Quase nunca "em público". Quase sempre feito lavadeira. E muito da propaganda negativa do PT era inatacável, porque constituída especialmente da denúncia do autoritarismo e, depois, da corrupção no exercício da política.
Hoje, ainda tem gente que acha que foi isso que construiu o PT. Não valorizam as suas promessas, seus compromissos... E saem fazendo bobagens... Pensam que falar mal dos outros deve vir em primeiro lugar, que um xingamento pode trazer mais dividendos políticos ou apoios que a defesa de bandeiras afirmativas, que acusações estampadas serão apoiadas pelo cidadão - afinal, não é isso que ele fala na mesa do bar? - de maneira "militante"..... Ledo engano! Jesus Cristo ganhou apoio principalmente prometendo o paraíso e não denunciando o Diabo. Gandi ganhou o mundo promovendo a paz e não condenando a guerra. Lula elegeu-se presidente prometendo justiça social e não condenando o capital.
São tantas as lições, mas tem gente que não aprende, não é mesmo?

domingo, 15 de fevereiro de 2009

A prancheta do Guerreiro


Encontrei na rede um blog/portfólio com o trabalho de Mário Guerreiro. O Mário trabalhou durante anos na Veraz. A maior parte do que ele mostra em seu blog (postado durante ano e meio até dezembro de 2007) foi desenvolvida para clientes da Veraz. Por isso, o blog do Guerreiro é também um pouco nosso.
O link vai permanecer também nos recomendados. O Mário é um grande sujeito e o seu trabalho é fantástico.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

O poder, a comunicação, o povo, o marketing


Hoje pela manhã fui assistir a ministra Dilma na inauguração de obras do PAC em São Leopoldo. Fui no primeiro ato, a convite de um cliente, pensando que era um só e, tendo chegado, descobri que eram três em lugares diferentes. Um as 9 e meia, outro as 10 e meia e o terceiro as 11 e meia. Pro meu padrão de empresário que ganha o dia conforme o suor da testa, quando era 10 e meia, estava indo embora.

Dilma chegou um pouco atrasada. Falou um discurso meio técnico. Normal, porque o cargo tem suas limitações. Mas o mais impressionante de tudo é o assédio da imprensa. Nunca vi ninguém ser tão disputada. Foi por aí que entendi os três atos. Um só deixaria todos frustrados, a começar pela mídia.

O prefeito Vanazzi, de São Leopoldo, colocou muita gente no ato. (E falou muito bem. Vanazzi me surpreendeu pela qualidade do seu discurso.) Não sei o resto do país, mas o povo de São Leopoldo parece atento e esperto. Ficou ouvindo a Dilma na maior atenção.

De repente a "Mãe do PAC" emplaca no país. Mas tenho a forte impressão de que Dilma faria mais sucesso como Dilma do que faz com o marketing da "suavidade" que inventaram para ela.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Obama faz marketing radical comparado a Lula


Obama ontem conseguiu aprovar seu pacote de bondades para o mercado empresarial. Mas as bolsas não reagiram bem. Leia-se: a turma que vive da exploração do trabalho alheio através da especulação e do investimento nas bolsas de valores não gostou da postura (do marketing) do novo presidente. Obama saiu de Estado em Estado americano para "falar com o povo" sobre a necessidade de aprovar as medidas. Ou seja, jogou o povo contra os bacanas.... Aprovou o pacote no Congresso, mas os "investidores" mostraram desconfiança.
No Brasil, as circunstâncias eram outras, mas Lula fez outro caminho. Lula resolveu apostar na conciliação com os adversários. Acabou no mensalão e agora tem Sarney e Collor na sua base de apoio... Obama parece estar apostando na radicalização dos "out siders" para impor suas alternativas.
Quem diria? Obama, presidente do império, fazendo marketing radical, enquanto Lula se aprisiona (e esteriliza o seu partido) com o marketing "paz e amor".

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Como transformar ouro em marketing de combate à crise


Cada um enfrenta a crise de uma maneira diferente. Tem aqueles que se assustam, recuam tudo o que podem. Tem os que se encolhem, que se deixam abater. Tem os que ficam observando. Mas tem os que torcem a favor. E também os que lutam contra a crise e veem nela uma possibilidade de crescer.
A AVON parece ser um caso raro daqueles que veem na crise uma oportunidade. "Democratizar o luxo" é o novo mantra da empresa. Com um crescimento de 8% na receita bruta em 2008, a AVON quer crescer ainda mais em 2009.
No Brasil, a AVON tem fama de marca popular. De cada três batons vendidos no país, dois são da AVON. Pra reverter a fama de produto de segunda categoria, a empresa agora lançou uma linha de batons com ouro 24 quilates na fórmula...
Um parênteses: Outro dia, olhando uma vitrine, vi um biquini muito bonito e muito caro. Fui ver o motivo e descobri que tinha umas argolas banhadas a ouro... (Não, não era pra mim. Era presente...). Fiquei pensando naquilo. Argolas de ouro no biquini... Porque não? As pessoas não usam argolas de ouro na orelha, no dedo? Colocar ouro no biquini não é uma idéia de marketing interessante??? E no baton? Por que não???
“A Avon é uma alternativa de renda para as mulheres e essa é nossa força nessa época de incerteza econômica”, explica o presidente da Avon Brasil, Luis Felipe Miranda, lembrando o “exército” de 1 milhão e 200 mil revendedoras autônomas que já trabalham com a marca. Para ele, a AVON hoje é uma alternativa para ter um produto de luxo a um preço acessível. Por isso, Miranda afirma poder "encarar essa crise com otimismo.”

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Obama e Lula são vinhos do mesmo marketing?


Quando começou a crise, alguns tucanos e demos soltaram foguetes. Finalmente um novo cenário, onde Lula desceria a ladeira da popularidade! Aconteceu o contrário. Lula agora já atinge 84% de aprovação.
A oposição a Obama no Estados Unidos parece ter o mesmo DNA demo-tucano. Partiu pra cima do governo, derrubando três ou quatro ministros (não sei se o nome é esse...) antes mesmo de assumirem os cargos por "desvios" de conduta no pagamento de impostos e outros problemas. Obama não teve dúvida: respondeu agora que as empresas que estão recebendo ajuda do Estado não podem pagar mais que 500 mil dólares anuais aos seus executivos.
Lula e Obama parecem vinho da mesma pipa. Surgiram de fora da política tradicional, vieram dos setores marginais ao sistema, se construíram contra a vontade dos poderosos e só foram admitidos porque os bacanas de sempre (FHC aqui, Bush lá) quebraram a cara totalmente.
A humanidade vem em ondas, uma depois da outra, buscando soluções para sua sobrevivência no planeta. A impressão que me passa é que Lula e agora Obama inauguram um novo tempo na história. Há uma mudança aí. Um novo modelo. Uma nova forma de conduzir as coisas....
Do ponto do vista do marketing eleitoral e de governo, isso é evidente. Lula e Obama são bastante diferentes de tudo o que veio antes. E são surpreendentes para os bacanas que sempre dominaram o poder. O posicionamento que ambos adotam (Lula com certeza - Obama ainda temos de ver melhor) de defesa do cidadão comum combinado com a radicalidade e ao mesmo tempo flexibilidade na construção de um projeto de nação parece ser a chave do sucesso.