domingo, 23 de agosto de 2009

Mudanças no Rio Grande do Sul


Lula vai fazer barba, cabelo e bigode no Rio Grande do Sul. Para ler no site da Carta Capital, clica aqui. Para ler aqui, siga em frente:

Recente pesquisa do instituto Vox Populi para sucessão gaúcha mostra Tarso Genro (PT) na frente em todos os cenários. A vantagem do ministro é menor apenas quando José Fogaça (PMDB) concorre. Na pesquisa espontânea – a essa altura do jogo é a que tem maior valor – o candidato petista tem 11%, mais que o dobro que o segundo colocado. O prefeito de Porto Alegre, Fogaça, e o ex-governador, Rigotto, têm respectivamente 5% e 4% das menções espontâneas.

No cenário induzido menos vantajoso, Tarso obtém 39% e Fogaça 29%. Contra Rigotto, o petista abre 26 pontos de diferença (46% a 20%). A governadora Yeda Crusius, que na menção espontânea tem apenas 3% de indicação, chega no máximo a 9% no melhor cenário induzido.

O eleitor gaúcho é pragmático

O mais importante da pesquisa, e menos explorado pelos analistas políticos, é o fato de, para presidente, Dilma Rousseff, vencer ou empatar com o candidato tucano José Serra. Mesmo com Ciro Gomes (16%) e Heloisa Helena (10%) no disco, a ministra Dilma pontua 26% contra 25% de Serra. Na menção espontânea, Lula aparece em primeiro com 18% e a ministra (5%) aparece empatada tecnicamente com o candidato tucano (6%).

Por todos os ângulos que se analise, um fato salta aos olhos: Lula está revertendo a opinião dos gaúchos e deverá fazer barba, cabelo e bigode nas próximas eleições no Rio Grande do Sul. Por mais que as lideranças e partidos no RS sejam ideológicas, o eleitor gaúcho tem se revelado pragmático. A cada eleição, ele tem apostado numa saída para a crise, independente da ideologia do candidato. Nas últimas eleições municipais este perfil se acentuou. O eleitor não mexeu em time que estava ganhando e não escuto cantilenas políticas. Agora, o eleitor gaúcho parece estar ganho pelo governo Lula, e quem entender isso deverá vencer em 2010.

Tendências para 2010



Todos sabem que os números que as pesquisas recolhem há mais de um ano das eleições são o que menos importa. Números que hoje são bons podem ser desvastados com a evolução do jogo sucessório. Candidatos que hoje tem pontuação baixa podem crescer e até ganhar. Todavia, na cena gaúcha algumas afirmações já podem ser feitas.

Primeira: Yeda é carta fora do baralho. Se até 60 dias atrás a governadora podia sonhar com uma recuperação apoteótica, hoje já se trata de trabalhar pelo menor prejuízo à biografia.

Segunda: Tarso já está posicionado na pole position. A escolha antecipada de seu nome – muito criticada pela direção nacional do PT – está se revelando um movimento acertado. O ministro tem ganhado pontos que serão valiosos em 2010.

Terceira: Quem souber posicionar-se ao lado de Lula deverá ter grande vantagem nas eleições do ano que vem. De modos distintos, com ritmos, trajetórias e políticas diferentes, este posto hoje é disputado por Tarso, Fogaça e Rigotto.

Quarta: Assim como o Brasil mudou, o Rio Grande está mudando. Há uma emergência da classe C e uma mudança latente na política gaúcha. Os principais candidatos, se não souberem renovar sua política e seus discursos poderão encontrar enormes problemas na nova sociedade gaúcha que está emergindo.

Quinta: nas eleições passadas as pedras no caminho estavam à direita. Yeda venceu quando ninguém esperava. Em 2010, as surpresas estão à espreita à esquerda.

Em 2006, Lula perdeu feio para Alckmin no primeiro turno. Alckmin era um poste no Rio Grande e Lula havia ganho todas as eleições presidenciais anteriores. Resultado: Alckmin fez 55,75% do votos e Lula apenas 33%. Mas, já no segundo turno, o petista começou sua trajetória de recuperação no estado. Alckmin estagnou nos 55% e Lula cresceu, fazendo quase 45%. De lá para cá, o presidente só tem obtido maior prestígio entre os gaúchos. Ao ponto de, hoje, qualquer que seja o vitorioso em 2010, poder-se dizer que a vitória já é de Lula.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Os problemas filosóficos dos políticos gaúchos


Todos os problemas do PT no país, e de forma dramática no Rio Grande do Sul, estão na sua transição mal conduzida do mundo da ética para o terreno da política. Antes da Carta aos Brasileiros, que levou Lula ao poder, o PT era um partido que se conduzia pela ética. “O PT era um partido aristotélico”, conforme me explicou um amigo filósofo. A partir da Carta aos Brasileiros, o PT abandonou a ética e passou a operar no terreno da política. Ou, em outras palavras, no “terreno da realidade”, compreendendo a política como a “a arte do possível”, do “jogo das alianças” e da “luta pelo poder”.

Na Carta aos Brasileiros, o PT trocou Aristóteles por Maquiavel e os princípios éticos pela arte da política e das negociações. Entre outras coisas, o preço disso hoje é o senador Sarney presidente do Senado e o constrangimento do senador Aloísio Mercadante(PT) dando passinhos contidos junto com o senador Arthur Virgílio(PSDB) até o local de uma entrevista, em rede nacional, via Jornal da Globo.

Observando a crise do Rio Grande do Sul, sou obrigado a estender a tese sobre o drama filosófico do PT para a toda política gaúcha. O problema do Rio Grande do Sul parece ser não compreender que o mundo globalizado não é movido por teses, mas pela relação de forças.

Mal comparando, FHC e Bush seriam os malucos defensores dos princípios neoliberais. Lula e Obama seriam “os caras comuns”, os “políticos espertos” dedicados a resolver os problemas concretos do mundo e de todos nós. Neste contexto, o PSDB de Yeda e o PT de Olívio Dutra seriam partidos fora da ordem e do tempo.

E são. PT e PSDB no Rio Grande do Sul são partidos ideológicos, assim como o PMDB do senador Simon. Batem de frente em tudo, antes mesmo de se enxergarem. Por exemplo, não se pode negar à governadora o fato dela acreditar na necessidade da reforma do Estado, traduzida na política do déficit zero. Da mesma forma, é preciso reconhecer que o PT gaúcho nunca compactuou com o “mensalão”; a pior crise que o PT viveu até hoje no país seria conseqüência das “más companhias”, conforme sacramentou o líder maior do PT gaúcho, Olívio Dutra. Ou seja, PT e PSDB no Rio Grande do Sul, hoje, ainda são partidos aristotélicos. São grupos auto-convencidos de suas próprias convicções, com o perdão da redundância.

Obrigados a viver num mundo maquivélico, os gaúchos, neste final de século XX e princípios do século XXI, parecem estar se tornando vítimas da própria ficção que construíram, de ser um Estado diferente do resto do Brasil. Ao mesmo tempo, não extraem lições da própria história. Getúlio Vargas foi maquiavélico. Nunca esteve próximo de Aristóteles. Os militares gaúchos, então, que se sucederam no poder de 64 em diante, idem.

Olhando por este ângulo, o pior problema dos gaúchos não seria o mar de lama e corrupção que corroeu seus partidos e o seu Estado: a ideologia e não a política é o que levou o Rio Grande do Sul a sua pior fase. Hoje, os gaúchos não sabem para qual lado se voltar. E o resultado desse conflito pode dar qualquer coisa. Como disse um amigo, “louco por louco, sou mais eu”, e fiquei achando que seria um excelente slogan para 2010.

A que ponto nós chegamos no pampa gaúcho!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O destino de Yoda


Vai lá na Carta Capital. Tem artigo sobre a cena gaúcha. Coisa feia!
Como vocês já devem ter percebido, estou "cartacapitalizando" a energia que dedicava antes ao blog. Aproveita e posta um comentário. Lá. Tem saido uns debates bem interessantes.