sábado, 12 de dezembro de 2009

Pesquisas aceleram definições na cena gaúcha


Dezembro está sendo um mês de emoções intensas no Rio Grande do Sul. Quando ninguém mais esperava novos lances na definição do tabuleiro, dois fatos aparentemente desconexos alteraram a cena política.
De um lado, a luta interna no PMDB para definir um candidato para 2010 teve um desfecho favorável a José Fogaça. De outro, uma pesquisa divulgada pelo Instituto Methodus indicou a vitória do ministro Tarso Genro em todos os cenários, no primeiro e no segundo turno.

O PMDB diante do óbvio
Até final de novembro, Fogaça vinha negando a candidatura. Pretendia deixar a sua saída da prefeitura de Porto Alegre para o prazo limite, de olho nos louros que um conjunto de obras e iniciativas (a maioria com recursos do governo federal, como as da Copa) poderiam lhe trazer. Mas Fogaça não aguentou a pressão. O xeque-mate que obrigou-o a sair da moita veio do próprio PMDB. O anúncio de Germano Rigotto dizendo não ser candidato a governador em nenhuma hipótese acabou “deixando o partido sob o risco de uma anomia”, nas palavras do próprio candidato.
Ou seja, o PMDB gaúcho, atravessado por um debate surdo entre o lulismo e os tucanos, deparou-se com o óbvio: a necessidade de ter um candidato em torno ao qual construir sua política para 2010. Teria sido o próprio senador Simon, presidente do PMDB no estado, que teria convencido o prefeito de Porto Alegre. A indefinição já começava a ser vista pelas bases como insegurança da cúpula e muitos, principalmente os prefeitos do interior, já ameaçavam engrossar as fileiras do ministro Tarso Genro, de olho nos cofres federais.

A pesquisa e suas limitações
Pesquisas a esta altura são apenas termômetro. Mas é exatamente isso que deve ter apavorado os peemedebistas. Pela pesquisa, o governo Yeda Crusius, até agora sustentado e blindado pelo PMDB, inclusive, é um governo reprovado por 64,6% dos gaúchos. E por maior que seja o esforço para tentar reconstruir sua imagem, Yeda não pára de produzir negatividades. A mais recente, depois de afrontar brigadianos e professores com um projeto na Assembleia que desmonta as carreiras e está levando os professores a uma greve, foi a revelação de que sua filha, sem renda para tal, também teria comprado uma casa. Ao mesmo tempo que esta percepção se torna irreversível, apesar da ampla e total cobertura da mídia, o governo Lula soma 67,2% de aprovação. A diferença, no caso do presidente, é que Lula sofre no Rio Grando do Sul uma campanha sistemática e cotidiana contra o seu governo, capitaneada pela mídia gaúcha.
Neste quadro desastroso para os tucanos e confortável para os petistas, o ministro Tarso Genro, que largou na frente e é pre-candidato a governador desde o primeiro semestre do ano, aparece em primeiro lugar em todos os cenários possíveis. Na menção espontânea, o ministro tem 11,1% dos votos e o prefeito de Porto Alegre tem 6,0%. A rigor, Fogaça empata com três outros nomes (Olívio Dutra, PT, 5,9%; Rigotto, PMDB, 5,8%; Yeda Crusius, PSDB, 5,2%) e, assim como seu adversário, encontra dificuldades para traçar um caminho seguro até as urnas em 2010.
Mas se Tarso aparece bem (com 32,9% contra 25,7% de José Fogaça no primeiro turno) e, pelas pesquisas de hoje, tendencialmente é o vencedor (ganha em todos os cenários de segundo turno, inclusive contra Fogaça, por 48,5% a 39,6%) a decisão do PMDB de fardar-se para entrar em campo acelerou o processo de definição das alianças.

A noiva em disputa
Pesquisas e pressão nos bastidores: estes foram os ingredientes para Fogaça mudar seu posicionamento. A pressão veio de todos os lados, mas principalmente do PDT.
Com o anúncio da candidatura de Fogaça, o PDT praticamente já assumiu a prefeitura de Porto Alegre. É um dezembro de café frio para o prefeito e tinindo para o vice, José Fortunatti, que deverá governar os próximos dois anos. Na lógica do senador Simon, o anúncio do nome de Fogaça tornaria natural o apoio do PDT à candidatura do atual prefeito a governador em 2010. Mas, passados alguns dias, de novo tudo pode acontecer, inclusive o PDT governar Porto Alegre e figurar na vice de Tarso Genro.
O PDT promete reunir-se dia 17 e definir sua posição. Internamente, haveria três possibilidades. Candidatura própria, Tarso Genro ou José Fogaça. Nesta semana que antecede o Natal, o líder do governo Lula na Câmara e um dos coordenadores da campanha do ministro Tarso, deputado Henrique Fontana, anunciava a intenção de apresentar ao PDT gaúcho uma proposta irrecusável. ///

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