terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Rio Grande de desilusão


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Prezados leitores. O Daniel, meu editor neste espaço, pediu para fazer uma coluna de balanço do ano.

Confesso. Não consegui. Ou melhor: Na verdade, esta coluna é muito diferente de todas as que já escrevi neste espaço. Primeiro, porque não é uma coluna, é uma carta, quase um desabafo; segundo, porque não tenho muito o que dizer. Tenho, apenas, talvez, "à la Guimarães Rosa", algumas coisas a "desdizer".

Minha pauta na revista é tratar da cena política gaúcha. Acreditem: Não é uma tarefa fácil. Sou gaúcho, e ser gaúcho nos dias de hoje não é simples. Ser gaúcho vem se tornando todos os dias mais complicado. Analisar o cenário político é pior ainda. E, em 2010, tudo pode se tornar até mais difícil.

Todas as semanas no últimos meses tenho sido obrigado a refrear meu desejo de pedir ao Daniel para alterar minha pauta. Acordo sempre às segundas feiras desejando falar sobre o Brasil e o sucesso do governo Lula, sobre o Obama e o desafio de administrar a crise do império, sobre a América Latina e a afirmação de seu povo nos espaços públicos. Mas não. Tenho de tratar da cena gaúcha, e isso hoje é tratar da miséria da política, da pequenez, dos mais baixos instintos que quase sempre estão por detrás dos movimentos de hoje em dia no pampa.

Não. Não estou falando de ética ou de falta dela na política gaúcha. Este assunto, confesso, não é o que mais me preocupa. Penso, aliás, que o governo Lula conquistou avanços fantásticos neste terreno. "Nunca na história deste país" se viu tanto criminoso de colarinho branco tocando piano nas delegacias antes reservadas apenas aos bandidos pobres.

O problema é outro. Vivemos hoje num país que saiu da crise porque soube defender suas empresas, seu patrimônio, seu povo. Um país que aos poucos torna-se motivo de orgulho por todos lados. Ser brasileiro na Europa durante muito tempo foi sinônimo de ser trambiqueiro ou prostituta, no máximo jogador de futebol. Nos últimos anos, o país foi capaz de iniciar uma verdadeira revolução que hoje reposiciona o Brasil no mundo. O Rio Grande do Sul, não.

Também não estou falando de justiça social. Esse assunto hoje é domínio federal. E, justiça seja feita, "nunca antes na história desse país" se viu o povo sendo tão "justiçado" como está sendo agora. É Bolsa Família, Fome Zero, Minha Casa Minha Vida, salário mínimo que cresce, emprego que cresce, mais educação e até saúde. E isso, o Brasil está fazendo por todos, inclusive pelos gaúchos.

Estou falando é da falta de liderança, da incapacidade política dos gaúchos, da sua incompetência para tirar o Rio Grande da situação em que encontra. É lamentável, mas todos os indicadores são claros. O Rio Grande do Sul perdeu a onda do crescimento nacional. No Rio Grande do Sul, demos as costas a tudo o que de bom está sendo conquistado em nível nacional. Crescemos como rabo de cavalo. Para baixo, e para trás. E isso é culpa de todos os gaúchos que não conseguiram gestar nas últimas décadas lideranças capazes de enfrentar nossos problemas. Isso é culpa sua e é culpa minha. Acho que é por isso que não consegui fazer um balanço.

Quando Olívio Dutra foi governador, disseram que o problema era o PT. Tivemos quatro ano de PMDB e agora mais quatro de PSDB. Passamos quase oito anos sem o PT e o Estado só piorou. Alguns dizem agora que o problema todo é dos "serristas". O governo gaúcho, tendo a tucana Yeda Crusius à frente, está atolado na falta de ética. E esse seria o seu maior problema.... mas, acreditem, esse não é nosso maior problema.

A falta de ética na política gaúcha é apenas reflexo da mediocridade. Quando ladrões e achacadores se tornam "líderes" políticos, algo está muito mal. E o que está mal entre nós é a falta de liderança verdadeira, é a falta de política, a falta de grandeza.

Hoje, o Rio Grande do Sul está tão preso ao passado que, com tristeza e esperança, lembrei Drummond: "Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente."

sábado, 12 de dezembro de 2009

Pesquisas aceleram definições na cena gaúcha


Dezembro está sendo um mês de emoções intensas no Rio Grande do Sul. Quando ninguém mais esperava novos lances na definição do tabuleiro, dois fatos aparentemente desconexos alteraram a cena política.
De um lado, a luta interna no PMDB para definir um candidato para 2010 teve um desfecho favorável a José Fogaça. De outro, uma pesquisa divulgada pelo Instituto Methodus indicou a vitória do ministro Tarso Genro em todos os cenários, no primeiro e no segundo turno.

O PMDB diante do óbvio
Até final de novembro, Fogaça vinha negando a candidatura. Pretendia deixar a sua saída da prefeitura de Porto Alegre para o prazo limite, de olho nos louros que um conjunto de obras e iniciativas (a maioria com recursos do governo federal, como as da Copa) poderiam lhe trazer. Mas Fogaça não aguentou a pressão. O xeque-mate que obrigou-o a sair da moita veio do próprio PMDB. O anúncio de Germano Rigotto dizendo não ser candidato a governador em nenhuma hipótese acabou “deixando o partido sob o risco de uma anomia”, nas palavras do próprio candidato.
Ou seja, o PMDB gaúcho, atravessado por um debate surdo entre o lulismo e os tucanos, deparou-se com o óbvio: a necessidade de ter um candidato em torno ao qual construir sua política para 2010. Teria sido o próprio senador Simon, presidente do PMDB no estado, que teria convencido o prefeito de Porto Alegre. A indefinição já começava a ser vista pelas bases como insegurança da cúpula e muitos, principalmente os prefeitos do interior, já ameaçavam engrossar as fileiras do ministro Tarso Genro, de olho nos cofres federais.

A pesquisa e suas limitações
Pesquisas a esta altura são apenas termômetro. Mas é exatamente isso que deve ter apavorado os peemedebistas. Pela pesquisa, o governo Yeda Crusius, até agora sustentado e blindado pelo PMDB, inclusive, é um governo reprovado por 64,6% dos gaúchos. E por maior que seja o esforço para tentar reconstruir sua imagem, Yeda não pára de produzir negatividades. A mais recente, depois de afrontar brigadianos e professores com um projeto na Assembleia que desmonta as carreiras e está levando os professores a uma greve, foi a revelação de que sua filha, sem renda para tal, também teria comprado uma casa. Ao mesmo tempo que esta percepção se torna irreversível, apesar da ampla e total cobertura da mídia, o governo Lula soma 67,2% de aprovação. A diferença, no caso do presidente, é que Lula sofre no Rio Grando do Sul uma campanha sistemática e cotidiana contra o seu governo, capitaneada pela mídia gaúcha.
Neste quadro desastroso para os tucanos e confortável para os petistas, o ministro Tarso Genro, que largou na frente e é pre-candidato a governador desde o primeiro semestre do ano, aparece em primeiro lugar em todos os cenários possíveis. Na menção espontânea, o ministro tem 11,1% dos votos e o prefeito de Porto Alegre tem 6,0%. A rigor, Fogaça empata com três outros nomes (Olívio Dutra, PT, 5,9%; Rigotto, PMDB, 5,8%; Yeda Crusius, PSDB, 5,2%) e, assim como seu adversário, encontra dificuldades para traçar um caminho seguro até as urnas em 2010.
Mas se Tarso aparece bem (com 32,9% contra 25,7% de José Fogaça no primeiro turno) e, pelas pesquisas de hoje, tendencialmente é o vencedor (ganha em todos os cenários de segundo turno, inclusive contra Fogaça, por 48,5% a 39,6%) a decisão do PMDB de fardar-se para entrar em campo acelerou o processo de definição das alianças.

A noiva em disputa
Pesquisas e pressão nos bastidores: estes foram os ingredientes para Fogaça mudar seu posicionamento. A pressão veio de todos os lados, mas principalmente do PDT.
Com o anúncio da candidatura de Fogaça, o PDT praticamente já assumiu a prefeitura de Porto Alegre. É um dezembro de café frio para o prefeito e tinindo para o vice, José Fortunatti, que deverá governar os próximos dois anos. Na lógica do senador Simon, o anúncio do nome de Fogaça tornaria natural o apoio do PDT à candidatura do atual prefeito a governador em 2010. Mas, passados alguns dias, de novo tudo pode acontecer, inclusive o PDT governar Porto Alegre e figurar na vice de Tarso Genro.
O PDT promete reunir-se dia 17 e definir sua posição. Internamente, haveria três possibilidades. Candidatura própria, Tarso Genro ou José Fogaça. Nesta semana que antecede o Natal, o líder do governo Lula na Câmara e um dos coordenadores da campanha do ministro Tarso, deputado Henrique Fontana, anunciava a intenção de apresentar ao PDT gaúcho uma proposta irrecusável. ///

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Zero Hora assume anti-lulismo


A imprensa gaúcha é hors concours. Na terça-feira 1, o jornal Zero Hora manchetou: “Porto Alegre registra o novembro mais chuvoso em cem anos”. Na capa, nem uma palavra sobre o Arruda e seus arroubos. A página de politica, sob o chapéu Inferno Distrital, anunciava que “Esquema de propina faz ruir governo Arruda”. (Para ler na Carta Capital On Line clica aqui.)

Na quarta-feira 2 o tema veio para a capa de ZH com uma manchete enigmática: “Mensalão no DF afeta alianças para 2010”. Logo abaixo, uma legenda ainda mais acobertadora dizia: “Gravações de suposta propina fazem partidos como o PSDB abandonarem o governo Arruda e ameaçam interferir no cenário eleitoral”. Já na Página 10, a colunista de política mais lida do estado, Rosane de Oliveira, manchetava que o presidente Lula possui “critérios elásticos” e estaria sendo condescendente com o governador Arruda....

Imagem não fala por si
Me preocupei. Afinal, será que Lula estaria mesmo sendo condescendente com a corrupção. Logo ele, que sempre disse que o assunto é para ser tratado na polícia e na Justiça. Fui verificar a entrevista. Para isso, o YouTube é fantástico. Assista aqui o trecho da polêmica. http://www.youtube.com/watch?v=mtAXeobIGgI&feature=player_embedded.

Veja que Lula disse exatamente o seguinte: “Vamos aguardar. Imagem não fala por si. O que fala por si é todo o processo de apuração, todo o processo de investigação. Quando tiver toda a apuração, toda a investigação terminada, a Polícia Federal vai ter que apresentar um resultado final, um processo, aí anuncia. Aí você pode fazer juízo de valor. Mesmo assim, quem vai fazer juízo de valor final é a Justiça. O Presidente da República não pode ficar dando palpite, se é bom, se é ruim. Vamos aguardar a apuração.”

Na coluna da comentarista Rosane Oliveira, de Zero Hora, a afirmação de Lula virou em “as imagens não significam nada”. Como se Lula tivesse dito isso. Rosane, que em geral é ponderada, no caso, exagerou de vez. Segundo ela, no episódio, “ao dizer que as imagens não significam nada, Lula mostrou uma elasticidade preocupante do ponto de vista ético”.

Como o presidente não disse o que Rosane afirmou, fiquei aguardando uma retratação, um pedido de desculpas pela barriga, qualquer coisa. Esperei que no dia seguinte, quinta-feira 3, Zero Hora e Rosane de Oliveira retornassem ao leito da veracidade. Mas não: Zero Hora voltou às manchetes climáticas: “Jornada de transtornos” acima de uma foto de um ônibus na chuva. O tema Arruda mereceu apenas uma manchete secundária e quase sem significado para o leitor gaúcho: “Protestos e ações de impeachment isolam Arruda”.
Sexta-feira, dia 4, idem. Nem Rosane de Oliveira, nem seu jornal Zero Hora, deram qualquer explicação. Nem mesmo no blog da jornalista vimos qualquer alteração de linha.

Claro, o manual de redação do jornal Zero Hora recomenda tudo ao contrário do que foi feito. Mas parece que ultimamente, cada vez mais, manuais de redação são para serem contrariados....

O silêncio fala mais alto
Torço por estar errado, mas o silêncio de Rosane e do jornal podem significar um passo adiante na política do grupo RBS no Rio Grande do Sul. Ao longo dos últimos anos, Zero Hora e a RBS alimentaram diariamente o anti-petismo no Estado. Como o discurso do PT gaúcho está, vamos dizer assim, deixando de ser tão “petista” e se tornando mais “lulista”, Zero Hora, que durante algum tempo flertou com a possibilidade de colaboração com Lula (o presidente, antes ainda de 2002, chegou a ter coluna assinada no jornal) está mudando de posição. Faz meses, progressivamente o jornal vem repetindo de modo crescente os bordões do imprensa nacional. Mas agora, houve uma mudança. O jornal e Rosane se posicionaram: O alvo agora é Lula.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Rio Grande do Sul: um estado sem norte

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O atual cenário político no Rio Grande do Sul é de incertezas. Incertezas e confusão. Se até alguns meses se podia trabalhar com a idéia de um confronto entre o PT e o PSDB, entre Tarso Genro e Yeda Crusius, hoje há inúmeras possibilidades. Neste momento, a mais provável é o lançamento de várias alternativas, cada uma delas se apresentando aos eleitores gaúchos como a verdadeira portadora da ética, da justiça e do desenvolvimento.

Esta semana, foi a vez dos trabalhistas (PDT e PTB, mais o DEM) lançarem um balão de ensaio afirmando a possibilidade de candidatura própria por uma terceira via. Semana passada foi o PSB, com o deputado Beto Albuquerque, quem tentou colocar-se no partidor como alternativa.

No campo governista, a crise é tão grande que a agenda mínima possível é simplesmente não permitir que a governadora caia. Para isso, fez-se necessário um pacto de silêncio e proteção que faria inveja a máfia siciliana. Tal grau de proteção para Yeda Crusius só é possível porque existe um ambiente social que o permite. Ou seja, do ponto de vista eleitoral, Yeda não é carta fora do baralho e, se é provável que fique fora do segundo turno em 2010, também é possível que venha a ser decisiva no processo.

Se há conflitos intransponíveis na situação, por exemplo, entre a governadora e seu vice, na oposição o quadro não é muito diferente. Tarso Genro até agora conseguiu unificar o seu partido, mas convencer o PT gaúcho de que ele precisa abrir mão de posições para outras forças já são outros quinhentos. O resultado é que hoje o mais provável é que Tarso concorra sozinho no primeiro turno, e tenha de enfrentar antigos aliados, como o socialista Beto Albuquerque, o PCdoB e possíveis aliados mais recentes, como petebista Luis Augusto Lara, lançado candidato a governador pela sigla. Mas, claro, nada disso impede Tarso de sonhar em ser o próximo governador.

Análises mais rigorosas colocam o PMDB gaúcho no campo da direita. O eleitor, contudo, tem a memória do compromisso do MDB com a luta democrática e ainda hoje compreende os candidatos peemedebistas como alternativas de centro. Hoje, o velho MDB é o responsável pelo círculo de silêncio que garante a possibilidade de Yeda continuar governadora. Conudo, o PMDB, com José Fogaça, prefeito de Porto Alegre, ou Germano Rigotto, ex-governador, trabalha intensamente para retornar ao Palácio Piratini. No momento, tudo indica que Fogaça, numa inflexão pró-Serra, seja o candidato de centro “para derrotar o PT”.

Socialistas, capitalistas, petistas, pepistas, trabalhistas, liberais, comunistas, social-democratas e democratas – todos, todos no Rio Grande do Sul têm uma coisa em comum: estão sem norte.

Vamos ver o que povo diz

Caetano Veloso, entre seus arroubos de genialidade, tem um verso que considero chave para entender o país: “Aqui tudo parece que é ainda construção e já é ruína”. Escrito antes do desastre neoliberal, e muito antes do analfabetismo político confesso criticando nosso presidente (meu e dele, também), o verso faz parte de uma música que anuncia o novo/velho Brasil fora da ordem, “fora da nova ordem mundial”.

Fui entender de onde Caetano tirou essa idéia quando viajei pelo sul da Bahia há uns quinze anos. Na época, fiquei impressionado com a quantidade de construções populares abandonadas pela metade. Passando de cidade em cidade num ônibus pinga-pinga pude ver que na Bahia tudo era construção e já era ruína. Parecia que o povo fazia um enorme esforço, investia suas economias e sua energia num projeto, mas era obrigado a abandonar antes de chegar ao fim. Também lembro que o número de homens parados, conversando de manhã, de tarde ou de noite me impressionou. Nunca havia visto tanta gente reunida em grupos dispersos sem nada para fazer.

Recentemente voltei à Bahia. Vi muitas construções novas e não encontrei mais a paisagem da desocupação de quinze anos atrás. Encontrei uma Bahia “fora da nova ordem mundial” que soube, como o Brasil, fortalecer-se e superar-se diante da crise. Sinceramente, não sei se isso é corroborado pelos números frios da economia e das taxas de crescimento, mas a impressão que me ficou foi essa.

A ordem e a desordem em comum

Tudo muito diferente do Rio Grande do Sul. Quando o povo baiano lutava há quinze anos contra as ruínas, no Rio Grande do Sul montávamos sonhos de poder à esquerda, à direita e ao centro. O Rio Grande do Sul, em geral, prosperava fora da ordem brasileira. A cada período de quatro anos vínhamos e seguimos perseguindo a ordem e a contra-ordem mundial. Oscilamos entre alternativas neoliberais, socialistas e centristas com grande radicalidade, todas muito bem ordenadas ou contrárias à ordem.

Fizemos muito no Rio Grande. Mas não tivemos a capacidade que o Brasil teve de construir o novo, de superar padrões e conceitos. Ficamos aprisionados no pampa gaúcho aos velhos dogmas. A arrogância gaúcha – “sirvam nossas façanhas de modelo a toda a terra”, afirma o hino do Estado – norteou todas as construções políticas do pampa. Quem não lembra de Leonel Brizola dando lições de política? De Pedro Simon ensinando ética? De Antônio Britto, defensor da cartilha privatista? Do PT de Porto Alegre, demiurgo do Orçamento Participativo e do Fórum Social Mundial?

Hoje, a desordem gaúcha, a falta de projeto e de comando, produz o mesmo que a ordem baiana sob ACM: confusão e atraso. Ainda não se vê grupos de “gaúchos a pé” na beira das estradas conversando, mas as rodas de chimarrão que ainda existem já são cada vez mais longas. E lentas.

O convencimento do povo gaúcho hoje é de que sua elite de direita, de centro ou de esquerda não possui ética. Que suas estruturas de poder – Estado, Detran, Tribunal de Contas, Prefeituras, etc, etc – estão corrompidas. E pari passo com o conjunto do povo brasileiro, o povo gaúcho não chega a ver grande problema nisso. O problema que o povo vê é que hoje o Rio Grande está tomado pela mediocridade, pela falta de iniciativa, pela ausência de projetos, pelo pensar rasteiro, pela política miúda.

O Rio Grande do Sul hoje é um Estado sem norte e suas lideranças batem cabeça tentando entender o que se passa, mas têm enorme dificuldade.

É neste cenário de incertezas em que a democracia (ou a falta dela) demonstra o seu valor. Por sorte, neste país que venceu a crise com a força do trabalho, hoje temos uma democracia razoavelmente sólida. E ano que vem, 2010, o povo gaúcho vai decidir o rumo que quer tomar. Eu, de minha parte, como Caetano, apenas digo que “não espero pelo dia em que todos os homens concordem. Apenas sei de diversas harmonias bonitas possíveis sem juízo final”.

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OBS: Tive a inspiração para esse artigo lendo um texto do Emiliano José, Caminhos do Futuro, que se você ainda não leu eu recomendo.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A imprensa, Yeda e Lula no Pampa


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Muita gente acredita na recuperação de Yeda Crusius, na possibilidade dela vir até a reelege-se em 2010. Crê que vencidos os inquéritos, os processos administrativos, judiciais e políticos, como o impeachment e a CPI ainda em curso na Assembleia, a governadora renascerá das cinzas numa campanha eleitoral restauradora de sua imagem e sua política. O trabalho que está sendo feito nos últimos 60 dias para Yeda reforça essa tese. No lugar da governadora geradora de conflitos, uma Yeda "paz e amor" passou a ser apresentada em todos os meios de comunicação em fotos e manchetes.  
 
Até ano passado a possibilidade de recuperação era real. Um conjunto de elementos indicava que Yeda poderia afirmar seu governo e, um pouco como Lula no pós-mensalão, dar a volta por cima. Agora, não existe mais gerenciamento de imagem que resolva seus problemas. Os que acreditam poder recompor sua viabilidade eleitoral em geral subestimam a inteligência do eleitor. Acham que o marketing e mídia podem tudo.
 
Os motivos que levaram Lula às alturas na avaliação do cidadão brasileiro são os mesmos que colocam Yeda entre os piores governos da história do Rio Grande. O presidente Lula chegou aos 80% de aprovação por causa da sua política e navegando na contra-mão do PIG. Já Yeda fez o inverso. Com uma proteção permanente do PIG, a governadora hoje tem cerca de 80% de desaprovação. Ou seja, assim como o PIG não derrotou Lula, o PIG não será capaz de reerguer Yeda em 2010.
 
Políticas inversas
 
A saga de Yeda Crusius no Rio Grande do Sul repete, em grande medida, a de seus antecessores. Jair Soares, Alceu Colares, Antonio Britto, Olívio Dutra, Germano Rigotto foram governadores que buscaram acertar e acabaram recusados pelo eleitor. Mas Yeda tem uma particularidade: ela sempre dependeu da força das suas ideias e pôde desprezar, em sua trajetória, partidos, forças sociais e soluções de compromisso. Até chegar, quase por acaso, ao cargo que ocupa hoje.
 
Tudo o que se pensar sobre Lula e suas políticas, deve-se colocar um sinal de negativo para compreender Yeda. Enquanto Lula agrega, Yeda confronta. Enquanto Lula conversa, Yeda briga. Enquanto o Brasil segue em frente, O Rio Grande vai para trás.
 
Yeda faz um governo que teve a ousadia de instalar uma representação em Brasília chamando-a de "embaixada", como se o Brasil fosse um outro país. No governo gaúcho, confrontada com uma posição em que, obrigatoriamente, é preciso "fazer política", Yeda revelou-se incapaz. Sua gestão é uma sucessão de confrontos e feitos inúteis ou negativos, a maior parte deles com os próprios aliados. Incluem-se nesta lista o vice-governador, Paulo Feijó, do DEM; o assessor morto em Brasília, que chegou a ser nomeado "embaixador" da "representação gaúcha"; o "companheiro" Lair Ferst, que teria feito uma delação premiada; o ex-secretário da Segurança Pública, Otávio Germano (PP), que teria a ver com a corrupção no Detran.... A lista é longa e deve frequentar as atas de julgamentos e condenações judiciais nos próximos anos. Diante de tudo isso, Yeda mostrou-se inconfiável ao eleitor. Ela havia prometido "um novo jeito de governar". O mínimo que deveria ter cumprido seria encarar de um modo diferente a corrupção. Mas, não. Yeda acabou decorando o quarto do neto em sua casa particular com dinheiro público. Comprou puffs e assoalhos emborrachados. E não existe PIG no planeta que consiga justificar isso. Nem vai resolver o PSDB intervir no estado gaúcho, nomeando uma agência paulista para cuidar da imagem de Yeda.  
 
O papel do PIG gaúcho
 
Já manifestei aqui meu distanciamento crítico quanto ao termo PIG. Esqueçam! Vocês, leitores, me convenceram de que é preciso trabalhar com o conceito. Mas vamos ao que interessa: O PIG gaúcho fez tudo o que podia e não podia por Yeda Crusius. Se alguma coisa vale a minha palavra, eu testemunho: nunca um governante teve tamanha boa vontade da mídia quanto Yeda Crusius. Nem mesmo Antônio Britto foi tão defendido. Yeda teve tudo, tudo, tudo. E ainda está tendo. E, em que pese o peso e importância da mídia na formação da opinião das pessoas, todo o apoio que foi dado à governadora não conseguiu forjar uma imagem positiva de seu governo.  
 
Ao mesmo tempo, o PIG gaúcho vem martelando contra Lula noite e dia nos últimos anos mas também não consegue imprimir uma imagem negativa ao presidente. Ao contrário, hoje Lula tem no RS praticamente os mesmos índices que possui no país. Ou seja, o papel do PIG gaúcho, cada vez mais, é enrolar peixe no dia seguinte. ///

sábado, 24 de outubro de 2009

Yeda derrota o impeachment


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Na última terça feira, 20, a governadora Yeda Crusius obteve uma importante vitória na Assembleia gaúcha. Com 30 votos a favor e 17 contra, o processo que pedia sua cassação foi encerrado. Os deputados que a apoiam votaram pelo do relatório da deputada Zilá Breitenbach (PSDB) que requiria arquivamento do pedido de impeachment da governadora tucana. Em cadeia nacional, a deputada declarou que não cabia instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito “porque as provas não eram suficientes” (sic).

O resultado já era esperado. No início do ano, líderes da oposição já avaliavam que dificilmente um pedido de impeachment iria prosperar na Assembleia “porque 2/3 da Casa estão comprometidos”, me afirmou um deputado. Após a votação, foram ouvidos fogos de artifícios próximos ao Palácio Piratini.

Agora, o próximo passo do governo deve ser enterrar também a CPI da Corrupção, que está travada na Assembleia. Com isso, Yeda recuperaria as condições mínimas de governabilidade e poderia voltar a sonhar com a reeleição.

Um roteiro de factóides

Nas últimas semanas, Yeda Crusius trava, talvez, as últimas batalhas políticas de sua vida. A julgar por todas as pesquisas de opinião de diversos institutos, o eleitor gaúcho já fez o seu julgamento. Yeda é considerada a pior governadora que o Estado já teve, creio que desde que são feitas pesquisas. Ela não tem, portanto, nenhuma chance eleitoral em 2010. Mas insiste em declarar-se candidata, e reiterou esse desejo na convenção do PSDB no último final de semana.

Yeda Crusius, antes disso, havia iniciado uma viagem a Washington, onde deveria reunir com o Banco Mundial para obter liberação da segunda parcela de 650 milhões de dólares de um empréstimo de 1,2 bi que obteve ano passado. Esse empréstimo é pedra angular de seu governo. É ele, junto dos cortes realizados, que permitiu o “déficit zero”, apresentado a todos como sua grande conquista diante das gestões anteriores. Sem essa segunda parcela, seu governo deve naufragar num mar de dificuldades.

A reunião para negociar a liberação da segunda parcela com Banco Mundial estava prevista para a última semana. Mas tendo chegado em São Paulo, Yeda teria sonhado (ou “um anjo” teria ido falar com ela) que sofreria um golpe de Estado. Alertada pelo sonho premonitório (ou pelo anjo), Yeda retornou imediatamente e passou a denunciar a tentativa de golpe. O golpista seria seu vice-governador, Paulo Feijó (DEM), com apoio do poder judiciário e do poder legislativo. Tudo dentro de um roteiro que parece inspirado em Joana D'Arc – e, na prática, chega a ser uma ofensa à memória da mártir francesa.

Porque Yeda não viajou?

Ninguém na imprensa gaúcha se deu ao trabalho de investigar os motivos da desistência de Yeda de viajar. Na verdade, talvez Yeda não pretendesse desde o início ir a Washington. Ocorre que as condições exigidas pelo Banco Mundial para liberar a segunda parcela do empréstimo não foram cumpridas. Yeda simplesmente não obteria a liberação dos 650 milhões de dólares de que precisa desesperadamente.

Para prosseguir com o contrato, o Banco Mundial exige que o governo: 1) Implemente as Oscips, programa para o qual a RBS tem se esforçado em dar uma cobertura positiva, mas ainda patina; 2) Faça o ajuste fiscal, que hoje é impossível devido à queda da receita; 3) Implemente um Sistema de Previdência Complementar (está na Assembleia) e de Gestão Única da Previdência (já aprovado pela Assembleia), este ainda dependente da adesão do Judiciário e da Assembleia e que encontra resistências corporativas instransponíveis em ambos; 4) Imponha novos Planos de Carreira, com ênfase para o Plano de Carreira do Magistério, acarretando perdas ao funcionalismo, que resiste de todas as formas. Assim, a viagem seria uma derrota definitiva.

O financiamento do Banco Mundial foi negociado antes da crise da economia internacional. Toda a sua lógica é neoliberal, assim como o governo de Yeda Crusius. A conclusão óbvia é que a governadora não viajou simplesmente porque não fez o dever de casa, conforme seus financiadores internacionais. Não foi nenhum anjo que soprou em seu ouvido. Foi o próprio “Deus Mercado”.

A terceirização do governo

A confusão é tamanha no pampa gaúcho que o PSDB nacional teria decidido socorrer a governadora tucana contratando uma empresa de comunicação e gestão de crise para cuidar da sua imagem. Até aí, tudo bem. É absolutamente legítimo que o PSDB, preocupado com as trapalhadas de um de seus mais importantes quadros, contrate uma assessoria para auxiliar a governadora a sair da saia justa em que se meteu.

A julgar, entretanto, pelas informações que circulam nos bastidores da imprensa gaúcha, tem muito caroço neste angu. Conforme o site Coletiva.net, especializado nos meios publicitário e jornalístico, uma empresa paulista, FSB Comunicações, “foi contratada pelo PSDB nacional e um grupo de empresas, em um pacote de R$ 1,8 milhão”. Ainda conforme Coletiva.net, a FSB “há cerca de dois meses presta serviços ao Palácio Piratini”. Além disso, já teria feito pesquisas que repetem os dados de outros institutos e seria responsável pela demissão do Coordenador da Assessoria de Comunicação do Palácio Piratini, jornalista Joabel Pereira.

O site Coletiva.net em geral é bem informado e, até agora, ninguém desmentiu nenhuma de suas afirmações. E todas são gravíssimas.

Quem seriam as empresas interessadas em limpar a imagem de Yeda? A troco de quê estariam fazendo isso? Como é possível uma consultoria contratada por um partido e um ”grupo de empresas” estar prestando serviços para um governo? E, inclusive, demitindo seus dirigentes? Com que autoridade?

Mais: Por que uma empresa investir num governo falido? Quais as razões por trás disso? Se há um insvestimento, qual é a expectativa de retorno? Pior ainda: Não estaríamos diante de uma espécie de terceirização ou privatização do próprio governo do estado? Ou, senão do governo, pelo menos de sua política de comunicação, dado que, conforme a Coletiva, a consultoria contratada pelo PSDB e pelas empresas, estaria dando as cartas no setor?

São tantas as perguntas que talvez a base yedista na Assembleia gaúcha esteja certa: o melhor é nem dar respostas

domingo, 18 de outubro de 2009

A loucura da elite gaúcha e possibilidades de sair do hospício


Leia na Carta Capital. Está rendendo um bom debate os comentários que venho fazendo sobre a cena política gaúcha.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Casa Branca enfrenta a mídia

Saiu na revista Time. Está na hora do time do Lula comprar essa idéia do Obama, ao invés de ficar gastando com soluções de internet que nem sempre se aplicam aqui. Ver matéria abaixo:

A Casa Branca decide encarar a 'imprensa'

8/10/2009, Michael Scherer, revista Time

Não houve um momento determinado, quando a equipe de comunicação da Casa Branca decidiu que os grandes órgãos da mídia não estavam dando conta do recado, nem faziam jornalismo. De fato, houve vários momentos.

Para o secretário de Imprensa, Robert Gibbs, o dia da virada aconteceu no início de setembro, quando o New York Times publicou, como matéria de primeira página, o "crescimento nas pesquisas, de pais e mães preocupados com o conteúdo do discurso de Obama para crianças e adolescentes" – antes mesmo de o jornal (e os 'pais e mães'!) conhecerem o teor benigno do discurso. "Chega um momento que... Chega! Páre aí! Mas... que negócio é esse?" – disse Gibbs. "Essa coisa está transformada em circo de três picadeiros!"

Para o diretor de comunicações da Câmara de Deputados, Dan Pfeiffer, foram os ataques mais hiperbólicos, esse ano, contra o plano de Obama para a reforma da assistência à saúde, sempre noticiados como se houvesse alguma "controvérsia", que acionaram um alarme em sua cabeça. "Quando se debate se se trata ou não de assassinar velhinhas e criancinhas doentes" – diz ele –. "não se aplicam as regras normais do jornalismo: é preciso ser a favor de não assassinar ninguém. É preciso ter lado e a opinião do 'outro lado' absolutamente não interessa."

Para a chefe de Pfeiffer, Anita Dunn, o momento do "aha!" aconteceu quando o Washington Post publicou uma segunda coluna assinada pelo mesmo político Republicano, 'denunciando' que haveria "32 czares" indicados por Obama e já trabalhando na administração pública. Nove deles foram nomes aprovados pelo Senado, quer dizer, em nenhum caso seriam 'czares'. "O que de fato me surpreendeu e ainda surpreende até hoje, é que o Washington Post nunca questionou essa opinião de seu colunista. É inacreditável... mas aconteceu."

Todas as críticas, diárias, repetidas, as justas e também as injustas, e as delirantes, todas, estão pesando sobre a Casa Branca, objeto de ataques incansáveis. Então, a Casa Branca pensou em uma nova estratégia: em vez de facilitar a vida dos jornalistas, oferecendo-lhes fatos que os jornais e jornalistas usam em seguida como se fossem 'prova' do que escreveriam contra Obama mesmo sem qualquer verificação ou sem qualquer prova, a Casa Branca decidiu entrar no jogo e criticar mordazmente o jornalismo de futricas, os políticos e os veículos que vivem de publicar bobagens, ou mentiras, ou invenções completamente nascidas das cabeças dos 'jornalistas', como, por exemplo, a ideia de que o plano de Obama para reforma da assistência à saúde dos norte-americanos incluiria "clínicas sexuais" a serem implantadas nas escolas. Obama, descansado e relaxado depois dos feriados em Martha's Vineyard, riu da ideia dos 'jornalistas' e disse aos auxiliares que "Ok. Vamos chamar os caras p'ra conversar lá fora."

A estratégia de não fazer prisioneiros surpreendeu alguns 'jornalistas', considerando a cobertura amplamente favorável ao candidato Obama e considerando, também, a tendência do presidente de trabalhar em temperaturas retóricas menos exaltadas que o padrão de Washington e de não dar atenção às hipérboles partidarizadas. Nada disso. O Blog da Casa Branca, agora, não perde vez para falar mal dos críticos do governo. Um dos postados mais recentes levava o título de "A rede Fox mente" e sugeria que a rede estaria militando contra os interesses dos EUA, ao ridicularizar os esforços de Obama para que Chicago fosse escolhida para as Olimpíadas 2016.

Nenhum funcionário da Casa Branca ofereceu 'fatos' explicativos ou pediu desculpas. "A melhor analogia é o beisebol" – disse Gibbs. "O único modo de arrancar os caras de uma base, é mandar uma bola rápida. Aí, eles se mexem."

A generala dessa guerra é Anita Dunn, 51, veterana estrategista de campanhas eleitorais, que chegou em maio à Casa Branca. Dunn é um dos grandes nomes das campanhas dos Democratas desde o final dos anos 80 e, nesses meses, foi ela quem montou a nova estratégia de respostas rápidas. Na Casa Branca, converteu-se em leitora aplicada de todos os jornais mais conservadores e crítica ferocíssima da rede Fox News, comandando o movimento para impedir que funcionários do governo (inclusive Obama) deem entrevistas ou façam declarações àquela rede.

"Trata-se de opinião partidarizada, travestida de noticiário e de jornalismo" – diz Dunn. "Eles ainda estão com bons números de audiência, mas estamos nos movimentando e não vamos perder essa."

O diretor de jornalismo da Fox, Michael Clemente, reagiu; disse que as críticas pela Casa Branca misturam os jornalistas da rede e colunistas não-jornalistas, como Glenn Beck [âncora de um dos programas de debates da Fox. Para saber quem é, ver O Público, de Portugal, em http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1401620]. Para Clemente, Beck seria como "um colunista não-jornalista, dos que escrevem nos jornais"."

Dunn — mãe de um adolescente de 13 anos, que planejou o cronograma do novo emprego na Casa Branca, de modo a poder passar mais tempo com o filho – é uma raridade feminina, no círculo mais íntimo de auxiliares de Obama, só de rapazes. Mas o impacto que ela teve na Casa Branca é indiscutível. Desde sua chegada, a operação das comunicações foi reformulada, firmemente re-focada, com forte ênfase no planejamento de um novo ciclo de noticiário e estrito controle sobre os contatos entre sua equipe e os jornalistas dos grandes jornais. Nas reuniões internas diárias da equipe, é ela quem decide quem 'ouvirá resposta rápida', quando e como; é ela também quem decide onde, quando, como e para quem é caso de justificativas, admitir erros ou pedir desculpas.

É mulher de instintos ferozes, que rapidamente vêm à tona. "Aqui na Casa Branca, (...) temos de ser mais agressivos, em vez de sempre dar explicações, bater em retirada ou só nos defender" – diz ela. A imprensa vive de falar. Não há silêncio, na imprensa. Por isso, a imprensa sempre pode usar qualquer mínima coisa e converter em notícia, mesmo que, para isso, os fatos sejam distorcidos. Não precisamos aceitar isso. Por quê?"

Em outras palavras: depois de oito meses de governo Obama, acabaram-se os dias de harmonia 'suprapartidária' ou 'despolitizada', e ilusão de que a imprensa naturalmente ofereceria "dois lados" das notícias. Agora somos "NÓS" contra "ELES". E o governo Obama está jogando para ganhar.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

O PUFF DE YEDA CRUSIUS









Imagens do novo jeito de governar. Para ler, vai na Carta Capital On Line. Ou clica aqui.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Novo site da Veraz na rede






Acaba de ser publicado o novo site da Veraz. Atualizamos a seção de memória com alguns trabalhos realizados no primeiro semestre deste ano. E adequamos nossa comunicação na rede às novas tendências da web integrando o site com o twitter, o blog e a página da empresa no orkut. Clique AQUI e surpreenda-se com a simplicidade da Veraz.
A Veraz recentemente venceu a licitação da prefeitura de São Leopoldo. Para uma atualização no que diz respeito ao posicionamento da agência, leia a página "Sobre a Veraz" no site.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O PIG e a imprensa gaúcha


No Rio Grande do Sul, temos uma imprensa que atua de modo militante e conservador desde a saída da Ditadura. Pode-se afirmar, por exemplo, sem correr o risco de estar dizendo um absurdo, que a RBS, tendo a frente o jornal Zero Hora, como uma espécie de comitê central de campanha, já elegeu dois de seus quadros para o governo estadual. Primeiro, Antônio Britto (PMDB), em 1998. Depois, Yeda Crusius (PSDB), em 2006. A unir os dois governos tivemos a mesma orientação privatista, concentradora e modernizante que a esquerda gaúcha tanto combateu como neoliberal.

De fato, Britto e Yeda saíram do anonimato trabalhando nos veículos da RBS. Construíram-se e foram construídos como quadros da empresa. Projetaram-se politicamente nas páginas e nas ondas de rádio e TV do grupo. Além de erigir os dois governadores de perfil nitidamente privatista, o grupo, num certo sentido, também teria sido responsável pela derrota do governo Olívio Dutra (PT) e auxiliado decisivamente Germano Rigotto (PMDB) como alternativa ao PT em 2002.


O PIG no RS é PIM


Principalmente por isto, ou seja, porque no Rio Grande a presença da imprensa na cena política vem de décadas, confesso que demorei a entender a expressão "PIG" - Partido da Imprensa Golpista, popularizada por Paulo Henrique Amorim, entre outros. E ainda estou em desacordo com ele.

O termo é moda e já virou até verbete na Wikipedia. Conforme lá consta "é utilizado de forma genérica e pejorativa para se referir ao jornalismo praticado pelos grandes veículos de comunicação do Brasil, que seria demasiadamente conservador e estaria tentando derrubar o presidente Luis Inácio Lula da Silva e membros de seu governo de forma constante." Este fenômeno, baseado no que se lê ultimamente, teria por base a crise dos partidos políticos e da política de um modo geral. Os veículos estariam passando a ocupar o vazio deixado pelos partidos em crise, sendo eles próprios partidos ou fazendo às vezes de partidos.

Meu desconforto com o PIG tem raízes regionais. Não existe novidade em ter uma imprensa que atua politicamente e de forma conservadora no Estado. Isso sempre foi assim. O novo, como já comentei há algumas semanas, é que grupos distintos da mídia gaúcha estão tendendo a uma posição única, particularmente no que diz respeito às denúncias de corrupção no governo Yeda. Mas isso não é PIG - isso é só unidade de classe, fechamento de posição, defesa dos seus. Um movimento inusitado, sim, mas eu diria até compreensível. No Rio Grande do Sul, de fato, o que move a mídia não é um espírito golpista. O que move a RBS e os grupos menores é o medo de que Lula e Tarso sejam vitoriosos e o processo de democratização da comunicação se acentue, atingindo seus interesses regionais.


Olhando desse modo, a imprensa gaúcha está mais para PIM (Partido da Imprensa com Medo) do que para PIG. Capisco?


Os pingos nos is

Por outro lado, olhando o cenário nacional, sinceramente não vejo onde a imprensa brasileira tenha mudado para passar a ser condenada como golpista. Conservadora, sim, ela sempre foi. Sempre que teve interesses contrariados, atuou politicamente e tratou de colaborar para a derrubada de presidentes e governos. Por que agora considerá-la golpista? Ou ela sempre foi golpista, ou é um erro, um equívoco deseducativo utilizar agora o termo.

A mudança havida, real, no cenário nacional, é o sucesso do governo Lula. Além de ser um governo com posições opostas às dos grupos que dominam a mídia, é um governo bem sucedido que está democratizando as verbas na comunicação. Ou seja, é um governo que está mexendo onde dói no ser humano: no bolso dos bacanas da mídia.

Junte-se a isso o crescimento exponencial da internet (que também retira poder da mídia tradicional) e temos aí um quadro novo: o desvario da mídia não se deve a ela estar substituindo os partidos, mas sim ao fato dos seus partidos não estarem mais conseguindo lhes dar proteção. A denúncia do PIG pode ser boa, e em geral politicamente justa. Pode revelar a total falta de compromisso dos grandes veículos com a ética da informação. Mas é preciso entender que, hoje, quanto mais a mídia mente, mais isso é sinal de desespero e perda de poder. Isso não é sinal de fortalecimento. É fraqueza.

De fato, se tivermos a compreensão de que a família Sirotsky tem posições fortemente "neoliberais, internacionalistas e modernas de direita", como defende um amigo meu, a RBS nunca teve no Rio Grande do Sul um correspondente político partidário alinhado com suas posições e foi obrigada a realizar sua própria defesa desde sempre. Viria daí sua veia "piguista" desde os anos 90. Contudo, estar agora, na prática, acobertando um governo considerado corrupto e incompetente pela maioria da população gaúcha não é um sinal de poder, mas uma prova de sua imensa fraqueza. Inversamente, o fato da mídia nacional estar combatendo Lula não é sinal de força - é demonstração de pavor e medo diante da mudança do país.


2010 vem aí


É complicado escrever coisas como essa, mas me cobrem. Em 2010, o papel da RBS no processo eleitoral gaúcho, diferente de todas as eleições até aqui, não será mais decisivo. Com a crise dos seus partidos e a democratização da comunicação propiciada pelas novas tecnologias, a RBS está se tornando apenas mais um ator no processo gaúcho. E um ator tão ou mais frágil que os partidos de seu arco político.


O quadro sucessório gaúcho está caminhando para a construção de um novo cenário, configurado não mais pelos setores que sempre dominaram a política no Estado, mas pela dinâmica dos novos agentes sociais emergentes no novo Brasil. Em volta de Porto Alegre, que sedia o governo Yeda Crusius (PSDB) e hoje é governada por José Fogaça (PMDB), existe uma legião de governos populares nas cidades periféricas da região metropolitana. A luta no Rio Grande do Sul em 2010 será entre o centro e periferia, entre a classe A e a classe C, entre a turma que frequenta a rua Padre Chagas em Porto Alegre e o povo que vibra e decide os destinos do Big Brother em suas casas nas periferias da capital.

domingo, 20 de setembro de 2009

Fogo no Rio Grande do Sul



Para ler o artigo no site da Carta Capital On Line, clica AQUI.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Imprensa gaúcha adere ao yedismo


Clica aqui para ler o artigo na Carta Capital. Faz dias que o artigo está lá. Até já saiu da capa. O debate dos leitores também é muito interessante.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Yeda vai à guerra em 2010

Nesta semana, a governadora gaúcha Yeda Crusius fez um nova reforma em seu secretariado. Foram substituídos quatro secretários. O objetivo da reforma seria duplo: de um lado, organizar o seu leque de alianças para tentar a reeleição em 2010; de outro, enfrentar a CPI que apura corrupção no governo.

(Para ler o artigo na Carta Capital, clica aqui)

Em 32 meses de governo, a tucana já alterou a composição do primeiro escalão 29 vezes. Esta última reforma privilegia o PP, partido que tem lideranças importantes envolvidas na corrupção do DETRAN. O PP já exercia a liderança do governo na Assembleia. Agora, ocupa também a chefia da Casa Civil, através de Otomar Vivian. Também foram substituídos os titulares das secretarias da Educação, de Governo e de Relações Institucionais. O PP saiu fortalecido duplamente.

Diante das últimas mudanças, um dos balanços nos bastidores do governo é que, invariavelmente, em todas as reformas, foram demitidos os secretários que não têm envolvimento ou relação com as denúncias de corrupção. Ao optar pelo PP como aliado estratégico, Yeda estaria apostando numa ressurreição com a ajuda dos progressistas que administram 147 das 496 prefeituras do Estado. Ao mesmo tempo, estaria se distanciando do PMDB, partido que até agora lhe deu sustentação e vinha anunciando um possível afastamento.

Para o PMDB, a atual reforma não poderia ser melhor. Yeda e seu "novo jeito de governar" se acantonam no espectro da direita conservadora do Estado. Todo o centro tende a ficar nas mãos do PMDB, e o PT pode se isolar no território da esquerda gaúcha outra vez. O PT já escolheu o ministro Tarso Genro como seu candidato, e o PMDB, que assim como o PP, têm 9 dos 55 deputados da Assembleia, oscila entre o ex-governador Germano Rigotto e atual prefeito de Porto Alegre, José Fogaça.

Nas últimas duas semanas, a mídia regional passou esforçando-se por minimizar e esvaziar a CPI da Corrupção instalada na Assembléia. Com uma relação de forças de 8 a 4 pró-aliados do governo, a tendência da CPI é ficar à deriva. É verdade que a governadora não está com esta bola toda, de forma que possa dar as cartas. A frente de um governo de conflitos, Yeda vem consolidando a imagem de pior governo que os gaúchos já tiveram.Mas Yeda acredita que a crise será superada até a eleição e pensa, com base nisso, disputar a reeleição.

Ao mesmo tempo que a CPI começou a ser taxada de "CPI do PT", Yeda passou a ter sua imagem retrabalhada. No final da semana, na Expointer, feira agropecuária realizada em Esteio, Yeda até chorou, emocionada por terem elogiado sua fibra para enfrentar as adversidades.

domingo, 23 de agosto de 2009

Mudanças no Rio Grande do Sul


Lula vai fazer barba, cabelo e bigode no Rio Grande do Sul. Para ler no site da Carta Capital, clica aqui. Para ler aqui, siga em frente:

Recente pesquisa do instituto Vox Populi para sucessão gaúcha mostra Tarso Genro (PT) na frente em todos os cenários. A vantagem do ministro é menor apenas quando José Fogaça (PMDB) concorre. Na pesquisa espontânea – a essa altura do jogo é a que tem maior valor – o candidato petista tem 11%, mais que o dobro que o segundo colocado. O prefeito de Porto Alegre, Fogaça, e o ex-governador, Rigotto, têm respectivamente 5% e 4% das menções espontâneas.

No cenário induzido menos vantajoso, Tarso obtém 39% e Fogaça 29%. Contra Rigotto, o petista abre 26 pontos de diferença (46% a 20%). A governadora Yeda Crusius, que na menção espontânea tem apenas 3% de indicação, chega no máximo a 9% no melhor cenário induzido.

O eleitor gaúcho é pragmático

O mais importante da pesquisa, e menos explorado pelos analistas políticos, é o fato de, para presidente, Dilma Rousseff, vencer ou empatar com o candidato tucano José Serra. Mesmo com Ciro Gomes (16%) e Heloisa Helena (10%) no disco, a ministra Dilma pontua 26% contra 25% de Serra. Na menção espontânea, Lula aparece em primeiro com 18% e a ministra (5%) aparece empatada tecnicamente com o candidato tucano (6%).

Por todos os ângulos que se analise, um fato salta aos olhos: Lula está revertendo a opinião dos gaúchos e deverá fazer barba, cabelo e bigode nas próximas eleições no Rio Grande do Sul. Por mais que as lideranças e partidos no RS sejam ideológicas, o eleitor gaúcho tem se revelado pragmático. A cada eleição, ele tem apostado numa saída para a crise, independente da ideologia do candidato. Nas últimas eleições municipais este perfil se acentuou. O eleitor não mexeu em time que estava ganhando e não escuto cantilenas políticas. Agora, o eleitor gaúcho parece estar ganho pelo governo Lula, e quem entender isso deverá vencer em 2010.

Tendências para 2010



Todos sabem que os números que as pesquisas recolhem há mais de um ano das eleições são o que menos importa. Números que hoje são bons podem ser desvastados com a evolução do jogo sucessório. Candidatos que hoje tem pontuação baixa podem crescer e até ganhar. Todavia, na cena gaúcha algumas afirmações já podem ser feitas.

Primeira: Yeda é carta fora do baralho. Se até 60 dias atrás a governadora podia sonhar com uma recuperação apoteótica, hoje já se trata de trabalhar pelo menor prejuízo à biografia.

Segunda: Tarso já está posicionado na pole position. A escolha antecipada de seu nome – muito criticada pela direção nacional do PT – está se revelando um movimento acertado. O ministro tem ganhado pontos que serão valiosos em 2010.

Terceira: Quem souber posicionar-se ao lado de Lula deverá ter grande vantagem nas eleições do ano que vem. De modos distintos, com ritmos, trajetórias e políticas diferentes, este posto hoje é disputado por Tarso, Fogaça e Rigotto.

Quarta: Assim como o Brasil mudou, o Rio Grande está mudando. Há uma emergência da classe C e uma mudança latente na política gaúcha. Os principais candidatos, se não souberem renovar sua política e seus discursos poderão encontrar enormes problemas na nova sociedade gaúcha que está emergindo.

Quinta: nas eleições passadas as pedras no caminho estavam à direita. Yeda venceu quando ninguém esperava. Em 2010, as surpresas estão à espreita à esquerda.

Em 2006, Lula perdeu feio para Alckmin no primeiro turno. Alckmin era um poste no Rio Grande e Lula havia ganho todas as eleições presidenciais anteriores. Resultado: Alckmin fez 55,75% do votos e Lula apenas 33%. Mas, já no segundo turno, o petista começou sua trajetória de recuperação no estado. Alckmin estagnou nos 55% e Lula cresceu, fazendo quase 45%. De lá para cá, o presidente só tem obtido maior prestígio entre os gaúchos. Ao ponto de, hoje, qualquer que seja o vitorioso em 2010, poder-se dizer que a vitória já é de Lula.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Os problemas filosóficos dos políticos gaúchos


Todos os problemas do PT no país, e de forma dramática no Rio Grande do Sul, estão na sua transição mal conduzida do mundo da ética para o terreno da política. Antes da Carta aos Brasileiros, que levou Lula ao poder, o PT era um partido que se conduzia pela ética. “O PT era um partido aristotélico”, conforme me explicou um amigo filósofo. A partir da Carta aos Brasileiros, o PT abandonou a ética e passou a operar no terreno da política. Ou, em outras palavras, no “terreno da realidade”, compreendendo a política como a “a arte do possível”, do “jogo das alianças” e da “luta pelo poder”.

Na Carta aos Brasileiros, o PT trocou Aristóteles por Maquiavel e os princípios éticos pela arte da política e das negociações. Entre outras coisas, o preço disso hoje é o senador Sarney presidente do Senado e o constrangimento do senador Aloísio Mercadante(PT) dando passinhos contidos junto com o senador Arthur Virgílio(PSDB) até o local de uma entrevista, em rede nacional, via Jornal da Globo.

Observando a crise do Rio Grande do Sul, sou obrigado a estender a tese sobre o drama filosófico do PT para a toda política gaúcha. O problema do Rio Grande do Sul parece ser não compreender que o mundo globalizado não é movido por teses, mas pela relação de forças.

Mal comparando, FHC e Bush seriam os malucos defensores dos princípios neoliberais. Lula e Obama seriam “os caras comuns”, os “políticos espertos” dedicados a resolver os problemas concretos do mundo e de todos nós. Neste contexto, o PSDB de Yeda e o PT de Olívio Dutra seriam partidos fora da ordem e do tempo.

E são. PT e PSDB no Rio Grande do Sul são partidos ideológicos, assim como o PMDB do senador Simon. Batem de frente em tudo, antes mesmo de se enxergarem. Por exemplo, não se pode negar à governadora o fato dela acreditar na necessidade da reforma do Estado, traduzida na política do déficit zero. Da mesma forma, é preciso reconhecer que o PT gaúcho nunca compactuou com o “mensalão”; a pior crise que o PT viveu até hoje no país seria conseqüência das “más companhias”, conforme sacramentou o líder maior do PT gaúcho, Olívio Dutra. Ou seja, PT e PSDB no Rio Grande do Sul, hoje, ainda são partidos aristotélicos. São grupos auto-convencidos de suas próprias convicções, com o perdão da redundância.

Obrigados a viver num mundo maquivélico, os gaúchos, neste final de século XX e princípios do século XXI, parecem estar se tornando vítimas da própria ficção que construíram, de ser um Estado diferente do resto do Brasil. Ao mesmo tempo, não extraem lições da própria história. Getúlio Vargas foi maquiavélico. Nunca esteve próximo de Aristóteles. Os militares gaúchos, então, que se sucederam no poder de 64 em diante, idem.

Olhando por este ângulo, o pior problema dos gaúchos não seria o mar de lama e corrupção que corroeu seus partidos e o seu Estado: a ideologia e não a política é o que levou o Rio Grande do Sul a sua pior fase. Hoje, os gaúchos não sabem para qual lado se voltar. E o resultado desse conflito pode dar qualquer coisa. Como disse um amigo, “louco por louco, sou mais eu”, e fiquei achando que seria um excelente slogan para 2010.

A que ponto nós chegamos no pampa gaúcho!

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O destino de Yoda


Vai lá na Carta Capital. Tem artigo sobre a cena gaúcha. Coisa feia!
Como vocês já devem ter percebido, estou "cartacapitalizando" a energia que dedicava antes ao blog. Aproveita e posta um comentário. Lá. Tem saido uns debates bem interessantes.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

A globalização e os centauros gaúchos: artigo na Carta Capital


A semana foi uma pasmaceira. O pampa está assolado pela gripe suína, pelo recesso parlamentar, pelas férias escolares e tudo parou. Acabei postando um artigo um tanto editorializado na Carta Capital. A foto aí de cima é a ilustração ideal para a matéria. Mostra o senador Simon, seu opositor interno pró-PSDB, deputado Eliseu Padilha e a governadora Yeda Crusius.... Para ir direto ao artigo, clica aqui. Ou entra pela página de entrada da Carta Capital on line. O beijo de Simon e o sorriso amarelo de Padilha são reveladores....

terça-feira, 28 de julho de 2009

A desgovernadora e o destino


Sei não. A história está cheia de lances surpreendentes por parte de seus governantes. Napoleão não esperava ser enganado pelos portugueses e Dom João o surpreendeu vindo para o Brasil. O Brasil não esperava que Getúlio morresse e ele entrou para a história.
Não sei se Yeda tem laços que a prendam à realidade. Parece que não. A sua trajetória até agora é totalmente temerária. Cercada de problemas ( pelo que andei lendo, o próprio marido, ou ex-marido, levava dinheiro do caixa 2 pra casa no fim dia e o dinheiro sumia....) a desgovernadora parece estar pensando na vida e no seu destino.
Se Yeda vislumbrar o que todos já sabem, podemos ter surpresas.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Yeda desceu do salto esta semana


A governadora Yeda Crusius desceu do salto esta semana e resolveu enfrentar os adversários. Foi pra briga com todo mundo. Tenho amigos que juram que Yeda fez um acordo com o PMDB. No artigo que escrevi para a Carta Capital (leia aqui)não fui tão longe, mas a hipótese existe. Vai lá e lê.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

O marketing de Lula não pára


Esta semana, Lula estreou uma coluna semanal nos jornais do País. Intitulada ‘O Presidente Responde’, a coluna trará semanalmente as respostas do presidente a perguntas de três cidadãos.
Até o último balanço divulgado pela Secretaria de Comunicação da Presidência, 94 publicações haviam manifestado interesse em veicular o texto do presidente. Para ler a primeira coluna no site da Coletiva, clique aqui.
A iniciativa de Lula responde ao processo de enraizamento de sua liderança nos pequenos municípios. Lula é um fenômeno de marketing impressionante. Ao mesmo tempo em que investe na disputa de um espaço global, se preocupa em responder às angústias da dona Leila, pensionista de Cariacica, no Espírito Santo.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Yeda perdeu o estribo da realidade

"O novo jeito de governar ganhou o Estado e hoje mostra seu êxito, afirma Yeda". Esta, hoje, é a manchete principal do site do governo do estado do Rio Grande do Sul. A chamada está de acordo com a campanha de rádio e TV que temos visto nos últimos dias. Tecnicamente bem feita, mas do ponto de vista do marketing é uma campanha inútil.
Às vezes fico me perguntando como é possível uma coisa destas? Como pode um partido ou um governo errar tanto e por tanto tempo? Como pode descolar-se assim da realidade? Vocês têm assistido aquela novela da Globo? Nem o doutor Castanho salva a desgovernadora gaúcha...

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Novo colunista na Carta Capital on line


Hoje passei de colaborador a colunista da Carta Capital on line. Visita o site da revista ou vai direto aqui para ler a primeira coluna. Meu assunto preferido na coluna deverá ser a sucessão gaúcha. Não pretendo me restringir a isso, mas a idéia é tratar com prioridade este tema. Vai lá e posta um comentário....

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Toyota não quebra?

O comercial é muito bom. Conhecia uma versão na língua inglesa. Essa parece ter sido adaptada. Mas permanece boa.

domingo, 21 de junho de 2009

Contrate uma Faxineira Ecológica formada

Só no Bom Fim. Filipeta no balcão do restaurante oferece esta mão de obra especializada. Entre as especificidades da formação profissional há receitas ecológicas de produtos de limpeza, reutilização de embalagens e economia de água e energia. Pode?

quinta-feira, 18 de junho de 2009

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Os limites da propaganda negativa


O PSDB colocou no ar sua campanha partidária. A campanha consegue ser mais agressiva contra o governo Lula do que foi a campanha dos Demos. Tentei achar o comercial no site do partido, mas não encontrei. É impressionante. Com esse posicionamento, quando Lula atinge 80% de aprovação, os tucanos vão descer a ladeira ainda mais.

Você deve ter visto. Pau no Lula e no PT o tempo inteiro. Perto dos tucanos, os demos ficaram angelicais.

Propaganda negativa é uma coisa muito perigosa. Pode facilmente voltar-se contra quem faz. Eu tinha entendido que os tucanos haviam deixado o trabalho sujo para os demos e iriam na positiva, construindo uma alternativa. Mas, não.

Enquanto a direita entra em desespero, eu preciso reconhecer algo que só me dei conta há uns 60 dias. A operação de marketing em torno a Dilma é muito boa. Arriscada também, mas muito boa. No começo, não gostei da plástica. Mas com a plástica, Dilma foi posicionada como mulher. E como mulher (até porque vinha a crise e o atraso nas obras do PAC etc) Dilma ficou parcialmente protegida. Depois disso, com o tema da luta contra o câncer, ficou inatacável.

Gol contra do ládo de lá. Gol a favor do lado de cá. Placar: 2x0.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Seu nome vale mais do que você pensa


Campanha da Anistia Internacional. Vale a pena assistir.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Bah, Tarso, tu é o cara!


Num encontro de mobilização do PT no final de semana passado, José Eduardo Cardoso (PT-SP), que atualmente namora a deputada do PCdoB, Manuela, e por isso já está sendo considerado meio gaúcho, saiu-se com essa: "Bah, Tarso. Tu é o cara!"
A Folha de São Paulo (que não é meio nem 1% gaúcha) parece concordar com o deputado paulista. Pesquisa feita pelo seu instituto DataFolha identificou o ministro na liderança para o governo do Estado em todos os cenários. Para ver os principais números no site do DataFolha, clica aqui.

Os números são pesados para a candidatura de Germano Rigotto. O candidato peemedebista da Serra Gaúcha perde feio para Tarso Genro. Mas não são muito melhores para José Fogaça. O prefeito de Porto Alegre também perde para Tarso por uma margem que oscila entre 6 e 7% dos votos, dependendo do cenário. E, no caso, o mais importante é que num cenário repetido, a margem pró-Tarso ampliou-se de 3 para 6%, fugindo da margem de erro.

Nesta altura do jogo, intenção de voto é mais indicador de tendência do que qualquer coisa. O que vale é a menção espontânea. Entretanto, é aí que os candidatos do campo governista aparecem pior: 67% dos gaúchos não sabem dizer em quem vão votar para governador no ano que vem, mas o ex-governador Olívio Dutra, do PT, é citado por 6% e Tarso Genro é mencionado por 5%. Germano Rigotto e Yeda Crusius atingem 4%, cada, e José Fogaça obtém 3% de menções espontâneas.

Olívio não é candidato, e a tendência é haver uma forte transferência para o ministro Tarso quando ele resolver os problemas que enfrenta internamente no partido nos próximos meses. Já o campo dos candidatos governistas -Yeda, Fogaça e/ou Rigotto- tende a se manter em disputa e a se contaminar cada vez mais com o vírus da corrupção que grassa o governo gaúcho.

Na reunião do PT, o deputado Raul Pont pediu aos dirigentes nacionais presentes que dissessem ao presidente da sigla, Ricardo Berzoini, que a hipótese de aliança do PT com o PMDB no Rio Grande do Sul, em nome dos interesses nacionais, esbarrava em primeiro lugar no próprio PMDB. "Pedro Simon, afirmou o deputado, fez declarações públicas dizendo que o principal objetivo do seu partido em 2010 é impedir a vitória do PT no estado. Simon não quer uma saída para a crise, não quer o melhor para os gaúchos, nem para os brasileiros. Simon quer derrotar o PT. E nosso partido, em nível nacional, não pode fechar alianças entregando a alma do partido nos estados."

No jogo intrincado da sucessão em 2010, as apostas ainda estão nos seus primeiros estágios.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Não era para tanto


Meu artigo sobre os novos cenários para 2010 na política gaúcha parece estar causando frisson. Penso que, com alguma elegância, disse algumas verdades básicas. São verdades apoiadas, por sua vez, em princípios fundamentais. Por exemplo, o princípio de que, na política, o particular deve se subordinar ao geral, o regional ao nacional, o nacional ao internacional etc. Ou ainda, o princípio de que não é suficiente ter uma boa unidade de combate se o seu exército, no geral, é dominado por mercenários e bandidos. Ou, ainda, que um exército que foi glorioso no passado, foi, e pode não ser mais.
Todos são princípios gerais que, quando os aprendi, me foram apresentados como princípios marxistas-leninistas. O espantoso agora é que o senador Pedro Simon estaria sendo mais leninista que muita gente que me julga de direita...
Nessa confusão, alguém postou um comentário no post anterior dizendo que Rigotto foi um governador medíocre. Seria uma apreciação definitiva, mas nada é definitivo na política. Tarso é viável? É. Yeda pode ressurgir das cinzas? Pode. Creio até que a mediocridade de Rigotto como governador é verdadeira, tanto que perdeu para Yeda. Mas deixa eu dizer que no rebaixamento geral em que anda a política gaúcha, o eleitor centauro é capaz de querer dar um segundo tempo pro pessoal da Serra Gaúcha.
Aliás, tenho convicção de que Pepe Vargas, quando não foi capaz de voltar à prefeitura de Caxias ano passado, perdeu a chance de ser alternativa em 2010 pro Estado. Seria uma boa alternativa. É capaz de agora termos outros 4 anos de Rigotto por causa disso.....

terça-feira, 26 de maio de 2009

Sobre os centauros gaúchos


Carlos Soares (casns_rs@yahoo.com.br) postou um comentário, no site da Carta Capital, ao meu artigo abaixo. Como o artigo sumiu da capa do site Carta Capital e depois que isso acontece fica difícil de localizar, tomei a liberdade de copiar o comentário aqui. O raciocínio do Carlos ( que não conheço) é muito interessante. Lá vai:

Partamos de algumas obviedades. O governo Lula, sem ser uma revolução democrática, representa um grande avanço para o Brasil, com nação e como Estado. Equipara-se à obra de Vargas que impulsionou a industrialização do país. O atual governo, longe de ser socialista, estabelece bases para a inserção soberana do Brasil no cenário internacional, a dignificação de suas camadas mais miseráveis e alavanca a sua economia para um ciclo virtuoso: banqueiros, industriais, fazendeiros, agricultores e operários tem obtido vantagens desse movimento. Trata-se de um pacto social liderado pela classe trabalhadora com a consciência que foi construída pela aliança de sindicalistas, CEB's e intelectuais marxistas. Se a consciência é limitada, o mea culpa deveria ser geral. Mas é um avanço em relação ao desmantelamento que vinha sendo feito pelos neoliberais vassalos do capitalismo imperial. Nesse quadro, com correção a direção do PT deve fazer ver aos nobres centauros gaúchos que há a hora de guiar e há hora de deixar-se guiar. A vitória de Dilma e a continuidade do processo de emancipação soberana da república (não dos trabalhadores) é o que se deve buscar hoje. E para isso, setores moderados do PMDB podem sim ser apoiados. Deve-se subordinar os conflitos locais às necessidades do cenário nacional. Como sempre se disse no próprio PT, o importante não é o nome do partido na cabeça, mas estabelecer um programa que aprofunde a democratização da vida e o desenvolvimento da economia, o que não se faz sem distribuição da riqueza e promoção do protagonismo econômico. E que nessa grande aliança democrática pelo desenvolvimento não se esmaguem os pequenos partidos que representam minorias socialistas e comunistas - isso será mais desafiador para o PT que ser vice do PMDB.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Novos cenários na política gaúcha


Querendo ler na Carta Capital, clica aqui. Lá, você também pode postar um comentário.

Pressionada pela dinâmica nacional, a política gaúcha aponta para mudanças radicais no cenário eleitoral de 2010.


Até 30 dias atrás, o Rio Grande do Sul era disputado por três candidatos. Neste final de semana um quarto nome entrou na disputa. O ex-governador Germano Rigotto foi recebido no Congresso Estadual do PMDB aos gritos de “1,2,3, Rigotto outra vez” e declarou-se pronto para concorrer ao Palácio Piratini novamente.

Em fins de abril, Yeda Crusius, pelo PSDB, sinalizava com uma campanha à reeleição. Ainda que tivesse dificuldades, a idéia de que contava com o peso da máquina tornava a atual governadora uma candidata competitiva.

Na oposição, Tarso Genro aparecia em primeiro lugar nas pesquisas. Vencedor em praticamente todos os cenários, o ministro da Justiça contudo parecia não contar ou subestimava as enormes dificuldades dentro de seu próprio partido nos terrenos local e nacional.

Pelo centro, com uma certa inflexão à direita, o atualmente peemedebista José Fogaça, aparecia em segundo lugar, mas como favorito em um provável segundo turno num enfrentamento com Tarso Genro. Prefeito de Porto Alegre, Fogaça já derrotou o PT duas vezes e poderia derrotar de novo diante do ministro da Justiça.

Agora, tudo isso mudou

Hoje, Fogaça já não é mais bola da vez. O prefeito de Porto Alegre foi senador pelo PMDB, liderou o governo Fernando Henrique no senado, elegeu-se prefeito pelo PPS e agora retornou ao PMDB. Parece estar vinculada a isso a percepção de que Fogaça é um pupilo esperto dos tucanos paulistas e isso não é bom para o Rio Grande. O pêndulo dentro do PMDB estaria se voltando para o Germano Rigotto. O ex-governador, que antes vinha dizendo-se candidato ao senado, passou a disputar abertamente o posto de candidato no PMDB. Diante de um Fogaça pró-Serra, um Rigotto pró-Dilma transitaria melhor no paladar dos eleitores gaúchos e acompanharia a maioria do partido no estado, hoje alinhada com o governo Lula.

Tarso Genro, além da contestação de parcela do PT regional que entende ser melhor concorrer com um nome que expresse uma renovação (o prefeito de São Leopoldo, Ary Vanazzi, e o deputado estadual, Adão Villaverde, foram lançados candidatos a candidato numa disputa interna prevista para julho), passou a ser contestado também pela direção nacional do PT. Ricardo Berzoini, presidente nacional da sigla, condenou o PT gaúcho por estar colocando a carreta na frente dos bois: conforme esta visão, a candidatura a governador do Rio Grande do Sul deveria estar subordinada à política de alianças nacional e, inclusive, seria desejável ter um único candidato e um único palanque presidencial em 2010 no Rio Grande do Sul. A conseqüência disso seria concorrer com uma chapa PT-PMDB para o governo do estado no Rio Grande do Sul, não sendo descartada inclusive a hipótese do PT compor com o PMDB na cabeça. Para reagir a essa operação, os petistas lançaram um movimento “Pra Unir o PT e Governar o Rio Grande” de apoio à candidatura de Genro(1).

Já Yeda Crusius, que há trinta dias sonhava com uma reeleição consagradora que viesse a suplantar as inúmeras acusações de caixa 2 em sua campanha e corrupção em seu governo, hoje, aparentemente de forma ainda mais grave que Tarso Genro, não conta mais com o apoio dos dirigentes nacionais de seu partido. Conforme todos os sinais oriundos do terreno nacional, José Serra e os dirigentes do PSDB estariam dispostos e jogar Yeda ao mar, para que ela não atrapalhe a eleição presidencial. Isso acabou ficando tão evidente que a direção nacional do PSDB se viu obrigada a lançar uma nota oficial de apoio à Yeda.

Numa sucessão de episódios político-jornalísticos, Yeda Crusius havia tido duas matérias na Revista Veja revelando “novas denúncias de corrupção” em seu governo e iniciou a semana passada com mais de dois minutos no Jornal Nacional numa matéria que soou quase como um convite para enterro de seu governo(2). Ameaçada por uma possível CPI na Assembleia (faltam 2 assinaturas para atingir o mínimo de 19), por um vice que opera nos bastidores alimentando a oposição com todo tipo de artilharia, Yeda fechou a semana caindo, literalmente, de um palanque de inauguração de uma estrada no interior gaúcho.


PMDB-PT: uma alternativa quase impossível em construção

Neste quadro instável, Germano Rigotto, que há trinta dias aparecia como simples candidato ao senado, hoje parece contar com apoio inclusive do presidente Lula, que estaria por detrás de uma chapa Rigotto governador, Maria do Rosário, deputada do PT, vice. Tarso Genro, de um lado, e Yeda Crusius, de outro, seriam extremos condenados pelas direções nacionais dos dois principais partidos do país, PT e PSDB. E José Fogaça, por sua trajetória partidária instável, também estaria descartado. A bola da vez seria Rigotto, desde que venha a ter o apoio do PT regional.

Isso, entretanto, hoje, é praticamente impossível. O PT gaúcho construiu-se como um partido hegemonista. Governou Porto Alegre por 16 anos e o estado durante 4, tendo crescido de eleição em eleição. Mesmo enfrentando derrotas em Porto Alegre e em centros políticos regionais importantes no interior do estado, o partido soube compensar as perdas conquistando novos espaços. Ser vice do PMDB hoje é quase inimaginável para o PT gaúcho e para o próprio PMDB. Rigotto, numa declaração esta semana disse acreditar haver menos de 1% de chances disso vir a acontecer, mas não descartou a proposta.

Não é desprezível, todavia, a hipótese de uma aliança entre PMDB e PT no Rio Grande do Sul. Os dois partidos reúnem os melhores quadros da política gaúcha. Se a agenda da crise dominar a sucessão de 2010 no Brasil, o mais provável é que Dilma se viabilize no país e, provavelmente, Rigotto acabe se viabilizando no Rio Grande do Sul.

Na virada do milênio, ninguém apostava dois vinténs na vitória de Lula em 2002. Em 2006, ninguém estava procurando por Obama na internet. Lula foi eleito em 2002. Obama foi eleito em 2008. Como dizia alguém, o futebol é uma caixinha de surpresas. E a política é cheia de novidades. /////

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Jornal Nacional diz que o gato subiu no telhado da casa de Yeda Crusius


O Jornal Nacional desta segunda feira anunciou que "novas denúncias complicam a situação de Yeda Crusius". O tom de toda a matéria é de um anúncio para o enterro. Para assistir a matéria, clica aqui.

As "novas" denúncias saíram nos dois últimos finais de semana na revista Veja. Tudo indica que o PSDB, partido de Yeda, com apoio do DEM, partido do vice, Paulo Feijó, está por detrás da operação "VEJA O ENTERRO DE YEDA".

José Serra estaria preocupado em eliminar problemas no caminho da sua candidatura a presidente em 2010. Um deles seria explicar a (des)governadora gaúcha. Tendo chegado à conclusão de que Yeda mais prejudica do que pode vir a auxiliar sua campanha, o tucanato teria "abandonado Yeda à própria sorte", conforme me confidenciou um tucano gaúcho bem informado.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Voltei para dar uma aula na Fabico


Esta semana, voltei à Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da UFRGS. Estudei jornalismo na Fabico entre 1977 e 1982. Agora, voltei não para estudar mas para dar aula: Tânia Almeida, professora de uma turma de Relações Públicas, me pediu para falar sobre o uso das pesquisas como ferramenta de planejamento na comunicação.

Aproveitei para falar um pouco sobre o marketing e, é claro, sobre o papel das pesquisas e a experiência que temos na agência com pesquisas para empresas privadas e campanhas eleitorais.

Acho que o pessoal gostou. Foram duas horas de conversa e questionamentos. A impressão que passam os jovens hoje é que - em que pese serem menos "politizados" do que éramos nos anos 70 - são mais determinados, mais focados em metas e objetivos.

Taí, gostei de dar aula.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

O marqueteiro da Yeda deve estar rindo a essa hora


Em entrevista a Zero Hora no dia 28 de setembro de 2006, o marqueteiro Chico Santa Rita chegou a pedir que os eleitores gaúchos não votassem na candidata que até 15 dias antes propagandeava. Leia abaixo:

“ZH - Quanto lhe devem?

Santa Rita - O contrato é de R$ 700 mil. Recebi várias vezes a promessa de que o pagamento seria feito mais adiante, mas nunca foi efetuado. O valor seria parcelado, não pagaram a primeira parcela (o publicitário não informou o valor). Não se contratam pessoas sem ter um planejamento. Em 30 anos de marketing político, trabalhando em mais de cem campanhas, nunca vi uma irresponsabilidade tão grande.

ZH - Que prejuízo a inadimplência pode trazer para o conceito da campanha da candidata, de implementar "um novo jeito de governar"?

Santa Rita - Contradiz completamente. Ela fala em planejamento, mas onde está o planejamento da própria campanha? Ela dizia que "planejar é lançar uma luz sobre o futuro". A luz que ela lança sobre o futuro está com a lâmpada queimada.

ZH - A coordenação da campanha trata a questão com uma adequação normal de estrutura para racionalizar os gastos.

Santa Rita - Li uma declaração de que campanha é assim mesmo. É assim mesmo na campanha dela, que é campanha absurda, feita sem planejamento, sem respeito humano.”


Relendo a matéria à luz dos acontecimentos e revelações posteriores, Santa Rita parece ter previsto o que está acontecendo - ou talvez tenha até visto algo e tratou de pular fora. A esta altura, Santa Rita já pode apresentar mais um "case" na sua carreira: quando abandonar uma campanha é o melhor que se pode fazer.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Quando a vitória é fraca


Um dos mais graves problemas no marketing é não ter condições de manter o território conquistado. É comum no gerenciamento de marketing de um produto ocupar uma praça e depois, por um motivo ou outro, não conseguir atender o consumidor no ritmo e no prazo exigido. A frustração do consumidor nestas situações é enorme.

Talvez esse se torne o principal fator de decisão na próxima eleição no Rio Grande do Sul. Tem razão o grão tucanato nacional de estar preocupado com o que se passa no pampa gaúcho.

Entretanto, mais preocupado deveria estar o PMDB. Até esta semana, o PMDB só beneficiou-se da relativa incapacidade do PT para reagir e recuperar terreno e da incompetência de Yeda para consolidar a vitória eleitoral que obteve em 2006. Mas a participação do PMDB em todo o governo tucano, o fato de ter respaldado o tempo todo uma fábrica (o governo Yeda) e uma promessa de produto (a sua política) que hoje desagrada a todos pode contaminar a hoje provável vitória de Fogaça e mesmo a eleição de Rigotto ao senado.

Em Canoas, o PTB contava com uma vitória certa com Jurandir Maciel. Maciel, vice-prefeito de Ronchetti, afastava-se deste publicamente e há seis meses do pleito "estava eleito". De fato, ele tinha tudo para ganhar. No meio da disputa, contudo, verificou-se que o vírus tucano tinha contaminado o candidato e ele passou a cair. Jairo Jorge venceu uma eleição que, para muitos petistas inclusive, parecia impossível.

Olhem a foto aí de cima. Restam poucos. Em alguns, a gripe foi mortal. Na fila ainda invisível estão Fogaça, Simon and company. Será que o vírus já pegou neles?

sábado, 9 de maio de 2009

O cérebro político


Acabo de ler O cérebro político, de Drew Westen. O livro, de quase 400 páginas, foi referendado por Bill Clinton e é um amplo balanço das derrotas dos Democratas nos Estados Unidos. O senador Aloizio Mercadante assina uma Apresentação e o deputado federal José Eduardo Cardozo faz o Prefácio da edição brasileira. Mesmo sendo um livro anterior ao fenômeno Obama, vale a pena ser lido. Creio que O cérebro político foi escrito para a campanha de Hilary Clinton e não para a de Barack Obama.
Drew Westen defende a tese de que o eleitor vota mais com sua emoção que com a razão. "A tese central deste livro - a de que campanhas bem sucedidas competem no mercado das emoções e não essencialmente no mercado das idéias - pode, à primeira vista, parecer inquietante para muitos Democratas", afirma Westen na página 261, para, logo a seguir, dizer que o segredo da boa política é dizer a verdade.
Em tempos de crise e confusão ideológica, uma coisa é certa: Westen, na essência, veio a repetir o filósofo Antonio Gramsci (1891-1937), fundador do Partido Comunista Italiano, o primeiro a afirmar que a "verdade é revolucionária".