domingo, 26 de outubro de 2008

As lições de marketing do segundo turno no RS (1)


O segundo turno no Rio Grande do Sul rende um estudo de marketing. O estado tem quatro cidades com possibilidades de segundo turno. Em Caxias, José Ivo Sartori (PMDB) conseguiu vencer no primeiro, isolando Pepe Vargas. Sobraram Porto Alegre, Pelotas e Canoas.
Em Porto Alegre, a derrota de Rosário para Fogaça estava escrita desde o começo. Rosário terminou sua campanha onde devia ter começado. Somente a partir da metade do segundo turno, Rosário conseguiu unificar o seu exército. Para isso, demitiu a equipe de marketing do primeiro turno e colocou a política no centro do debate. Já era tarde, mas pelo menos impediu uma derrota desmoralizante.
Unificar o exército para enfrentar uma campanha é o primeiro passo de qualquer jornada. Não garante a vitória, mas sem cumprir esta tarefa básica a derrota é praticamente certa. E o PT em Porto Alegre não só não conseguiu manter as forças aliadas históricas unidas (PCdoB e PSB), como se dividiu numa prévia ritualística e desgastante.
Já disse aqui que o problema do PT de Porto Alegre é que ele é um excelente fabricante de disco de vinil. Passou 16 anos produzindo os melhores discos da praça, mas o eleitor de Porto Alegre mudou, quer CD, MP3, IPod... Para encobrir uma nova edição de disco de vinil, o PT contratou uma equipe de marketing (coordenada por um mineiro chamado Augusto) que já tinha estado em Porto Alegre no segundo turno de 2004.
Lá atrás, Augusto e sua turma já tinham ajudado na derrota inventando um Raul que não existia. Fiz o primeiro turno em 2004. Sei do que estou falando. No primeiro turno, apesar das insuficiências políticas do partido, os programas de TV e rádio ajudavam Raul Pont a crescer. No segundo, puxavam pra baixo. Mas o PT de Porto Alegre, não querendo ver que o problema é no produto e não na publicidade, chegou à conclusão que a derrota em 2004 foi por não ter trazido o Augusto antes.
A reorganização do exército petista no segundo turno obrigou Fogaça a revelar sua alma neoliberal e fernandohenriquista. Fogaça já havia construido em 2004 uma couraça publicitária coerente que o protegeu de suas debilidades políticas. De novo, sua equipe de marketing demonstrou superioridade em combate. Minimizou os pontos fracos e potencializou os pontos fortes.
Olhando pelo lado do marketing, venceu o mais competente. O PT de Porto Alegre, que fez escola em termos de inovação em campanhas com a Casa de Cinema terá de repensar seus próximos desafios. Principalmente porque em seu território surgiram e vão surgir ainda mais Manuelas e Lucianas.

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