quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Chega de marketing eleitoral


As eleições acabaram. Os balanços estão feitos. Estou querendo descansar um pouco do assunto, voltar à vida normal. Antes, entretanto, uma observação um pouca longa, mas necessária.
À medida que a democracia brasileira se consolida, o interesse pelo marketing político é crescente entre os partidos, governos e instituições políticas do País. Uns o compreendem de forma instrumental, uma ferramenta para buscar mais votos; outros como uma metodologia, uma nova abordagem organizativa da política adequada às novas realidades da sociedade da informação; e há também os que recém o estão descobrindo e pensam que o marketing pode resolver todos os problemas.
O primeiro partido a fazer uma utilização sistemática e estruturada do marketing no Brasil, no período recente pós-Ditadura Militar, foi o Partido dos Trabalhadores. Como reação, os partidos tradicionais passaram a utilizar-se do marketing político, primeiro adotando uma postura e desenvolvendo uma relação de manipulação (como nos primeiros tempos do marketing empresarial, em que se tratava apenas de ampliar as vendas) e mais recentemente buscando inovar e estabelecer uma relação inteiramente nova em relação aos seus eleitores.
O sucesso, o rápido crescimento, a conquista de espaços importantes de governos, inclusive da presidência da República, por parte do PT, fez com que os demais partidos buscassem compreender as razões deste feito. Um deles, central, está na utilização do conceito de marketing político e na capacidade do PT de estabelecer uma relação de marketing eficaz com seus públicos. A re-eleição de Luis Inácio Lula da Silva veio confirmar isso, deixando mais uma vez seus opositores desorientados, quando não perplexos.
A realidade atual é de um crescente interesse pelo marketing. Campanhas eleitorais de candidatos a prefeito em cidades de mais de 200 mil eleitores recorrem necessariamente a um trabalho de marketing. Mesmo candidatos a vereador em municípios pequenos demonstram interesse por uma assessoria de marketing. Políticos mais antenados têm recorridos a consultores de marketing de modo permanente, fora dos períodos eleitorais. Um grande número de jornalistas, publicitários, relações públicas, assessores políticos vem se profissionalizando na atividade do marketing político, se tornando especialistas.
Na verdade, desde que foi utilizado pela primeira vez na campanha do general Einsenhower a presidente dos EUA em 1952, o marketing penetrou na política dia após dia. Em pouco mais de meio século, tornou-se a principal ferramenta de manutenção da relação entre a esfera política e os eleitores. Bom para quem trabalha com o marketing político, e eu diria que é bom também para a própria política.

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