quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Porque as mulheres da esquerda perderam em Porto Alegre


Diferente de 2004, quando as esquerdas deveriam ter saido separadas para combater a direita desde vários flancos, em 2008 tratava-se de unificar o exército desde o início, de polarizar eleitores de centro e concentrar forças contra um adversário fortalecido pela máquina e pelos meios de comunicação ao longo de 4 anos. Mas, não foi isso que assistimos.
Não contente com a derrota de 2004, o PT, principal partido do campo popular da cidade, permitiu que duas divisões de seu exército, o PCdoB e o PSB, saíssem em faixa própria. Já havia perdido uma ala radical para o PSOL. Não contente com estas perdas, ainda fragilizou mais as próprias forças dividindo-se numa prévia cujo resultado foi a anulação do ânimo de metade das forças do núcleo central de seu exército. É preciso reconhecer: ter feito 40% dos votos nestas condições foi uma proeza. Mas é preciso que reconheçam: ter feito apenas 40% dos votos também é uma derrota merecida.
Fogaça era um candidato frágil. Tinha um governo pálido. Já disse neste blog e sustento: Fogaça era muito mais frágil que os oponentes de Jairo Jorge em Canoas. Então, o que explica a sua vitória?
De um lado, Fogaça acertou, mas principalmente a oposição errou. Fogaça acertou no slogan, no posicionamento, no jingle, no marketing e na propaganda de um modo geral. A oposição errou.
Manuela foi bem até metade do primeiro turno. Quando chegou ao segundo lugar e tinha de se colocar à altura do adversário ficou brigando com o terceiro e quarto lugar e fazendo um discurso pela mudança sem audiência, pela mudança "de esquerda". Erro mortal. Um processo de marketing que vinha bem, contornando e resolvendo todos os seus pontos frágeis, esbarrou na incompreensão do cenário. Manuela trabalhou prisioneira do visão bipolar de que o eleitor oscila entre continuidade e mudança, quando isso já é coisa do passado.
Rosário (ou seria a Maria?) foi mal no primeiro turno. Foi uma proeza ter passado para o segundo. O jingle era um samba carioca. A marca era de um produto novo no mercado, uma tal de Maria que ninguém conhecia na cidade. O logotipo era com as cores do Estado, parecia até que o seu pessoal do marketing tinha errado de eleição e estava disputando o governo do Estado.... Maria já chegou derrotada ao segundo turno e teve de entregar o bastão da campanha para Maria do Rosário. Demitida a equipe da mais cara escola de marketing do país, a campanha de Rosário melhorou muito no segundo turno, mas só o que conseguiu foi organizar as forças populares. Terminou a campanha de onde devia ter começado.
Luciana se saiu bem, tendo em vista sua trajetória. Um pouco esquisito o PSOL copiando as técnicas do Duda Mendonça, mas mostra uma disposição renovada da legenda de crescer sobre algumas bases (perdidas) do PT.

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